Monólogo de um livro
Olá! Sou o teu amigo livro!….
Se me deixares acompanho-te durante toda a
tua vida!…
Enquanto fores bebé, sou pequeno e feito
de esponja para não te magoares. Podes dobrar-me, morder-me e até levar para o
banho. Espero ser um dos teus brinquedos favoritos!
Com os primeiros passos, as primeiras
descobertas: o “poco”, a “gainha” e o “mé-mé”. Tenho muitos desenhos, grandes e
coloridos, várias texturas e janelinhas para abrir. Ignoras as palavras que
ainda não te dizem nada. Às vezes um adulto conta-te uma história, a qual
escutas com muita atenção.
Vais crescer e até já tens uma mochila
para a escola. Começas a juntar as letras e descobres a magia das palavras.
Aprendes a ler e associas as frases aos desenhos: “O pato faz quá-quá”.
Procuras-me nas prateleiras, cada vez mais volumoso, com letras cada vez mais
pequeninas.
Chega o tempo de aventuras. Gostas de me
desfolhar e encontrar ação, vilões, mistérios por resolver, fadas, princesas e
diários de meninos e meninas como tu. Muitas vezes faço parte de uma coleção e
aguardas ansiosamente pelo próximo número. Se me utilizares regularmente, até
participas em concursos de leitura e escrita.
Está na altura de aprenderes outras
línguas: inglês, espanhol ou francês. Descobres a dimensão global da leitura;
nem todos lêem como tu. Por vezes até pensas: “Era mais fácil se falássemos
todos a mesma língua”. Vais encontrar-me em livros de aventuras, diários,
romances, histórias verídicas, enciclopédias e até dicionários. Pesquisas sobre
aqueles que me dão vida.
Enquanto adulto, tentas fugir ao stress e
escolhes-me para relaxar. Os enredos são complexos e misteriosos. Saboreias
cada palavra, aguardando ansiosamente pelo desenrolar da história e respetivo
final. Oxalá te possa transmitir sabedoria, mas também o simples prazer da
leitura.
Espero que o livro que te acompanhe
também passe por um novo ciclo. Ao novo “ser” que tens no colo, oferece um
livro de “esponja”, com muito amor e carinho. Conta-lhe uma história e aguarda
que a “sementinha” cresça. Um dia quando fores velhinho talvez possas dizer:
“Netinho, lê-me uma história que os meus olhos já não aguentam!” “Isso é fácil
avô! Era uma vez…”
Professora Natália
Pereira
Família
de pernas para o ar
Li e reli,
Nem queria acreditar!
O bisavô a jogar à bola,
E o bisneto a descansar!
Li e reli,
Tive de voltar a ler!
A bisavó a usar fralda,
E a bisneta a usar colher!
Li e reli,
Esta história está toda mal!
O avô a ver desenhos animados,
E o neto a ver o telejornal!
Li e reli,
Tive inveja, pois então,
A avó a fazer os TPC,
E a neta a amassar o pão!
Li e reli,
Quase rebentava a rir!
O pai a brincar com o triciclo,
E o filho a conduzir!
Li e reli,
Querem vocês adivinhar!
A mãe a comer um rebuçado,
E a filha a cozinhar!
Li e reli,
Tão estranho, podes crer!
A família inteira a “raspar” ossos,
E o cão a comer carne com prazer!
Professora Natália Pereira
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