terça-feira, 30 de abril de 2019

Fase Intermunicipal do CONCURSO NACIONAL DE LEITURA - 30 de abril



Os representantes do Concelho de Leiria estiveram presentes em Pedrógão Grande para disputarem a fase intermunicipal do Concurso Nacional de Leitura.

 (Representantes das Escolas da Rede de Bibliotecas Escolares de Leiria)

A representar o Agrupamento de Escolas Henrique Sommer, esteve a aluna do 6.º C, Tatiana Simões, que está de parabéns, apesar de não ter ficado apurada para a final nacional. Valeu pela experiência e, para o ano, há mais.

Enquanto os alunos realizavam a prova escrita, no Centro Escolar do Agrupamento de Pedrogão Grande, os docentes foram convidados a fazer uma visita guiada pelos lugares mais emblemáticos da vila.







A segunda parte da fase intermunicipal teve lugar na Casa Municipal da Cultural. Depois da divulgação dos vencedores da prova escrita por ciclos, todos puderam assistir às provas orais.





No intervalo, todos puderam deliciar-se com um lanche variado e saboroso.


Após um momento cultural, foram divulgados os vencedores, dois por cada ciclo, e entregues os prémios.
Neste evento, o livro e a leitura foram os convidados de honra!
Prof.ª Helena Silva

segunda-feira, 29 de abril de 2019

A Crise Académica de Coimbra aconteceu há 50 anos


A Crise Académica de Coimbra aconteceu há 50 anos - 1969 - 2019

Sabias que se comemora, este ano, o 50.º aniversário da Crise Académica de Coimbra? A mesma teve início a 17 de abril de 1969, quando Américo Tomaz não deu a palavra aos estudantes! Foi, então, que a luta pela democracia em Portugal "começou a vestir o traje de Coimbra!"
A professora Ana Isabel preparou uma exposição sobre esta temática, na Biblioteca. 




Para aprofundares os teus conhecimentos, lê o texto seguinte, retirado do site https://observador.pt/2016/03/24/crise-1969-as-imagens-luta-capas-negras-estudantes/

Quando Américo Tomaz não deu a palavra aos estudantes, a luta pela democracia em Portugal começou a vestir o traje de Coimbra. A Crise Académica de 1969 aconteceu há 50 anos.

Texto republicado e alterado por ocasião dos 50 anos da crise académica de 1969.

17 de abril de 1969. A Universidade de Coimbra estava a inaugurar o Departamento de Matemática e o presidente Américo Thomaz seguiu para a capital dos estudantes com o ministro da Educação, José Hermano Saraiva, numa época em que a contestação estudantil estava em alta. Quando a comitiva chegou a Coimbra foi recebida por um mar de capas negras com cartazes em protesto. Estavam nas ruas e nas faculdades e não havia forma de o regime as ignorar.
Américo Thomaz entrou no novo edifício e discursou perante um público de apoiantes, até porque os estudantes foram mantidos fora da Sala 17 de Abril, onde a reunião estava a acontecer. No final do discurso, o presidente da Direcção-Geral da Associação Académica de Coimbra (Alberto Martins, hoje um destacado militante do PS, ex-ministro da Justiça) sobe para cima de uma cadeira com a capa aos ombros e diz: “Em nome dos estudantes de Coimbra, peço a palavra”. A palavra não lhe foi dada: o Presidente da República, mesmo atrapalhado, introduz o discurso do ministro das Obras Públicas e a sessão termina logo a seguir. Foi a gota de água: as vaias que acompanharam a saída da comitiva anunciaram o início da Crise Académica de 1969.
Ainda a 17 de abril, Alberto Martins foi detido e passou a noite na cadeia. A comunidade estudantil estava pronta para agir, mas fê-lo a partir de 22 de abril quando oito estudantes da Universidade de Coimbra foram suspensos e proibidos de assistir às aulas. A Assembleia Magna decretou luto académico e as aulas foram substituídas por reuniões e debates precisamente na sala nova da Universidade. O governo adjetivava as iniciativas dos estudantes como uma “onda de anarquia que tornou impossível o funcionamento das aulas”. E apesar de os meios de comunicação social estarem proibidos de escrever, falar ou mostrar o que se passava em Coimbra, alguns deles conseguiram fazê-lo de modo subtil. Foi o caso do Diário de Coimbra, que usava recursos estilísticos para explicar algumas operações que os estudantes levavam a cabo no centro da cidade.
Quando José Hermano Saraiva admitiu alguma fragilidade perante a revolta estudantil, a Universidade fecha mas mantendo o calendário de exames. A Associação Académica de Coimbra lança então um documento intitulado “Carta à Nação” que pede “uma universidade nova num Portugal novo” e equaciona uma greve aos exames. Foi como colocar todos os trunfos em cima da mesa: se os universitários decidissem mesmo boicotar o calendário de exames estavam a chumbar deliberadamente e a colocar um pé em África, o que representava uma ameaça direta de serem mobilizados para as Forças Armadas e enviados para a guerra colonial. Avançaram: mais de 5000 pessoas votaram a favor do boicote e menos de 200 anunciaram que iriam fazer os exames.
A Academia dividiu-se assim entre “grevistas” e “fura greves”: a 2 de junho – uma segunda-feira e o primeiro dia de greve – vários estudantes chegaram à universidade acompanhados pelos pais. Uns iam obrigados pelos próprios, que não queriam ver as propinas investidas em Coimbra a serem perdidas em nome de uma crise; outros porque temiam as consequências no final desta onda de revolta; um grupo importante fazia-o por convicção, como o liderado por José Miguel Júdice.
Ao longo dos dias de exames os estudantes agitaram a cidade: uns distribuíam flores pelos habitantes de Coimbra, outros lançavam balões com mensagens de ordem nas praças. A profusão era tanta que a Guarda Nacional Republicana invadiu o espaço urbano e chegaram até a circundar a Sé Velha de Coimbra. Em julho chegaram os números: quase 87% dos estudantes tinha faltado aos exames. Os outros 13% viram os seus rostos espalhados na cidade com o título de “traidores”.
Entretanto, a 22 de junho, realizava-se a final da Taça de Portugal: nas meias-finais – disputadas a 15 de junho – os estudantes da equipa da Académica tinham vencido ao Sporting por 1-0. Lisboa encheu-se de capas negras e de cartazes de protesto: no estádio, onde a Académica ia jogar contra o Benfica, esperava-lhes um enorme aparato policial. Mas não o Presidente: pela primeira vez, Américo Thomaz faltou ao evento e o jogo de futebol nem sequer foi transmitido pela RTP, ao contrário do que já então era habitual. No final, os estudantes saíram derrotados por duas bolas a uma, mas não foi essa derrota que impediu os jogadores de colocar as capas aos ombros, em sinal de luto.
Apesar da persistência dos estudantes, muitos deles acabariam por ser obrigados a abandonar os estudos e a seguir para África. A Estação de Coimbra-B encher-se-ia de antigos universitários que agora iriam vestir a farda portuguesa noutro continente. Nem nesse momento os jovens se calaram: gritavam em protesto contra a guerra e contra o regime. Em 1987 a Assembleia da República Portuguesa votou que o dia 24 de março passasse a servir de homenagem à comunidade universitária que lutou pela liberdade em Portugal: estava instaurado o Dia Nacional do Estudante.