Nasci em
Portugal, mas, sempre me senti mais culturalmente agarrada à Ucrânia, em
grande parte por causa da maioria da minha família ser de lá, porém essa é só
uma das muitas razões.
Claro que uma parte de mim foi fortemente influenciada
pela cultura portuguesa, há algumas coisas que eu não gosto, contudo também há
coisas que adoro, como a comida, especialmente a sapateira (ou caranguejola) da
Nazaré que ficará inesperadamente
para sempre no meu coração. Outro aspeto que mais me atrai em Portugal é, sem
dúvida, a sua costa incrível e as suas praias de tirar o fôlego.
Apesar de
nascer cá, neste alegre país, onde eu me sinto verdadeiramente em casa é
na Ucrânia. Desde os meus três meses que todos os verões, ou quase todos os verões,
eu visitava a Ucrânia, um país com um encantador céu azul e com a terra coberta
de trigo dourado, que me fez genuinamente conectada, com memórias que nunca
esquecerei. Aprendi rapidamente a falar português e ucraniano, coisa que na
cabeça de uma criança se combinou numa salada azul-amarela e vermelha-verde,
resultando numa mistura de línguas que os meus pais tinham dificuldade em controlar.
Como na Ucrânia havia vários problemas económicos, no
final do ano 1999, os meus pais vieram para Portugal, ou seja, aproximadamente
há 23 anos. Eles tiveram que ultrapassar vários obstáculos para se poderem
integrar neste país. O maior obstáculo foi a grande barreira da enorme
diferença entre línguas. Foi um desafio chegar a Portugal sem conhecer bem a
língua que é completamente diferente do ucraniano e que tem um alfabeto que não
tem nada a ver com o ucraniano e, para além disso, tem sete letras a menos. O
facto de não saberem falar inglês prejudicou imenso o avanço na sua integração.
Não perceber o que as pessoas que te rodeiam estão a falar cria um vácuo/stress
cultural, visto que é a partir da língua que aprendemos novos pontos de vista que
nos ajudam a entender a cultura de cada país. Só depois de mais ou menos um ano
é que começaram a entender conversas simples e a falar frases básicas
corretamente, o que os deixou com um ano inteiro mergulhados num sentimento de exclusão
com uma forte fome cultural antes de
começar a entender a língua portuguesa, apesar do caloroso acolhimento proporcionado
pelos portugueses. A tradução literal das conversas, às vezes, levava a mal-entendidos
que agora são lembrados com um riso na cara.
Os portugueses são, em geral, pessoas muito simpáticas
que nunca tiveram qualquer preconceito a respeito da nacionalidade e sempre apoiaram
com tudo o que podiam, desde comida até mesmo móveis para pessoas que deles necessitavam.
O que chamou logo a atenção do meus pais, quando
chegaram a Portugal, foi a imensa quantidade de laranjeiras e videiras com
cachos enormes, cheios de uvas suculentas, consequentes do clima temperado, que
os afetou bastante com temperaturas altíssimas, nunca sentidas antes por uma
pessoa nórdica, que estava habituada a temperaturas que variavam, em média,
entre os -7° e 20° graus Celcius
A arquitetura também fascinou imenso os meus pais,
principalmente o Mosteiro da Batalha, rico em história, o que os ajudou na sua integração
e no melhor entendimento da cultura.
Estar a 3500 km de casa, sem nunca ter viajado para
fora do seu país, não soa como uma boa ideia, mas os meus pais estavam
determinados. Como eles não vieram como turistas, mas como imigrantes, tinham
outras preocupações para além do clima, das frutas e da arquitetura portuguesa,
o que mais lhes importava era encontrar um trabalho e amigos, o que não foi
muito fácil no início, mas com o tempo encontraram cada vez mais amigos tanto
portugueses como ucranianos e de outras nacionalidades, uma vez que Portugal é
um país multicultural. O trabalho também não foi canja de encontrar, mas
com esforço e determinação tudo se resolveu.
Resumindo e concluindo, independentemente de onde,
quando e como é que chegas a Portugal, esta “nação valente e imortal” sempre te
acolherá com os braços abertos e um sorriso na cara. E apesar de não me sentir em
casa, estou muito grata por ter nascido neste maravilhoso e radiante país.
Em 2016,
eu e os meus pais viajámos até Inglaterra para visitar uns amigos nossos que se
tinham mudado para lá, mas alguns anos depois contaram-me que essa viagem não
tinha sido apenas para turismo, tinha sido também para observar o país, a sua
qualidade e custo de vida, bem como a cultura, uma vez que já tinham planos
para sair do Brasil, bem antes de eu vir a conhecer Portugal.
Um ano
depois, em 2017, eu fiz a minha primeira visita a Portugal (nessa época eu já
sabia que estávamos a procura de um novo local para morar fora do Brasil). Ficámos
alojados numa quinta em Sintra, sendo que eu achei a palavra “quinta” estranha,
para mim quinta era quinta-feira e não uma chácara (equivalente a quinta em português
do Brasil). Também achei a escola que nós visitámos diferente, uma vez que
nenhum dos alunos estava de uniforme, e, na minha mente, todas as escolas
tinham o seu próprio uniforme, até as públicas.
Por
fim, em julho de 2018, saímos do Brasil de malas feitas para Portugal, e, em setembro,
comecei o sexto ano pela segunda vez, por não ter completado o ano letivo no
Brasil (que começa em janeiro e termina em dezembro). O sotaque português não
foi muito limitante para mim, contudo no começo eu precisava de pedir às
pessoas para falarem mais devagar, mas com o tempo meus ouvidos acostumaram-se
ao sotaque e às expressões informais. A minha integração foi instantânea, sendo
as meninas da turma especialmente acolhedoras, e fazer amizades não foi difícil
para mim, embora tivesse este ou aquele que chegava para mim e simplesmente dizia “brasileira” e ia-se embora.
Além
disso, o que contribuiu para a minha integração foi a chegada de outra menina
brasileira à turma no meio do sexto ano, o que me fez sentir um pouco mais em
casa. Pessoalmente, não sinto saudades da cultura brasileira (apenas da
culinária), devido a nunca ser muito fã de churrascos e festas com muitas
pessoas, e a ocasional caixa de som com o volume no máximo.
O que
me fez gostar de morar aqui, para além do acolhimento das pessoas, foi de
certeza o clima de cidade calma, em que as grandes avenidas estão reservadas a
Lisboa e Porto. Em Leiria, o trânsito não é problemático, não é muito
barulhento nem há engarrafamentos constantes (digo eu, não dirijo, logo não posso
falar muito sobre este assunto), os peões têm prioridade e não é preciso ficar
esperando uma eternidade para atravessar uma passadeira.
Em
conclusão, tanto a minha experiência como imigrante, bem como a minha
integração em Portugal foram estupendas e eu pretendo continuar a viver cá e conquistar uma dupla nacionalidade:
portuguesa e brasileira.
Viver
num país diferente do meu é emocionante e desafiador e traz muitas vezes uma
“mistura” de emoções.
A
adaptação a uma nova cultura e ambiente é uma experiência estimulante que me
trouxe uma sensação de aventura e curiosidade. De facto, explorar uma cultura,
um idioma e um modo de vida tão diferentes dos meus é fascinante, pois todos os
dias apresentam uma oportunidade de aprender algo novo.
Sinto-me
muito feliz por estar aqui em Portugal e, hoje, vou abrir o meu coração e
expressar o que senti e estou a sentir estando neste país.
No
primeiro mês, há 10 meses, era natural para mim sentir saudades de casa e
saudades do meu país natal, o Nepal. A saudade da família, dos amigos, da
culinária era óbvia e totalmente normal.
Durante
o início do período escolar, costumava sentir-me um pouco solitário, pois não
conseguia conversar com os meus colegas de turma, nem com os outros alunos da
escola. Havia a barreira do idioma entre nós, o que tornava a comunicação mais
complicada.
No
entanto, com o passar do tempo, descobri que as pessoas que me rodeavam,
incluindo os meus colegas de turma, professores e moradores locais são bastante
prestáveis e acolhedores. Assim, aos poucos, fui-me integrando na turma, onde comecei
progressivamente a interagir com os colegas. Essas interações não só me
transmitiram coragem e confiança, como também me motivaram a continuar. A aula
de apoio a Português, fornecida pela minha escola, melhorou significativamente
a minha aprendizagem da língua. Efetivamente, com o passar do tempo, todos os
meus dias, desde o início até agora, foram preenchidos com experiências
interessantes e emocionantes.
Gostaria
de expressar a minha sincera gratidão aos meus pais por me trazerem para este
maravilhoso país, Portugal. Também estou imensamente grato a todas as pessoas
que conheci aqui. Quero agradecer aos meus colegas e professores que me fizeram
sentir em casa e me apoiaram durante
todo este percurso. As palavras não conseguem expressar totalmente a
profundidade da minha gratidão pela ajuda e gentileza que recebi de cada pessoa
aqui. Quero, mais uma vez, expressar a minha sincera gratidão a todos eles.
Por
fim, quero agradecer a todos pelos momentos que partilhámos, memórias queridas
que guardarei sempre com carinho. Obrigado a todas as mãos amigas que me trouxeram até aqui hoje. Obrigada à professora
Helena por me convidar a recordar todo o meu percurso em Portugal, a colocar no
papel as minhas memórias, enquanto escrevo este texto. Obrigado!
Por Eduarda
Lacerda, 10°B
A minha experiência com a mudança para Portugal está sendo muito boa
até agora.
No começo, foi difícil me acostumar com algumas diferenças no idioma,
cultura, clima e tradições, mas hoje em dia já me sinto muito mais confortável
com todos esses aspetos e diferenças.
Sinto saudade do Brasil e de todos os que ficaram lá, mas também me
sinto bem acolhida aqui. Sempre quis vir para cá para estudar e construir o meu
futuro, e sei que Portugal é um país que me proporciona muitas oportunidades.
Já vivi muitas experiências novas e diferentes e adorei-as todas. Não
me arrependo de ter vindo, pois a escola é ótima, o lugar onde moro também e
amo a arquitetura e as paisagens de cá.
Pretendo ficar aqui por muito e muito tempo!
Por Lucas Moreira, 10ºB
Meu
nome é Lucas e vou falar sobre a minha experiência em relação à minha vinda e
alojamento em Portugal e como me senti em relação a isso.
Para
mim, a mudança para Portugal foi bastante fácil e não enfrentei grandes
problemas, o que se deveu ao facto de, no Brasil, eu mudar de distrito com
frequência e já ter uma “base” de como lidar com a mudança.
No
entanto, viver em Portugal foi um pouco diferente daquilo a que eu estava
acostumado, pois quando cheguei não entendia muito bem o que as pessoas diziam.
Elas falavam rapidamente, pelo menos segundo a minha perceção, e algumas vezes
diziam-me que eu era quem falava rápido. Apesar disso, a minha adaptação foi
normal, assim como foi acontecendo no Brasil.
Senti
que muitas pessoas não me queriam cá, contudo outras acolheram-me bem. Sempre
gostei desta situação, pois isso inspira-me a melhorar de forma a que os meus
méritos “falem” por mim.
De uma
maneira geral, estou grato pela oportunidade de viver em Portugal e pela
experiência que esse acontecimento trouxe para a minha vida. Sinto-me motivado
para evoluir sempre, procurando adaptar-me e aprender com as diferenças
culturais e linguísticas que encontro ao longo do caminho.