No décimo e último dia
oficial da Semana da leitura, que coincide com o Dia Mundial da Poesia,
proponho-vos a leitura de três poemas: “Autopsicografia”, de Fernando Pessoa, “Por
todos os caminhos do mundo”, de Fernando Namora e “Ser poeta”, de Florbela
Espanca.
Vai uma leitura? Ao
longo do dia, poderão ainda deliciar-se ouvindo dúzia e meia de leituras!…
Os leitores do dia são…
Carolina Dias, Leandro Sebastião, Leonor, Lourenço,
Maria Helena e Martim Crespo, do 5.ºD
Tiago, do 6.ºA
Rodrigo Dinis e Vitória, do 6.ºC
Tomás Matias, do 6.ºD
Rafaela Silva, do 7.º A
Ana Teodoro, Bernardo, Mariana Domingues, Martim
Ferreira e Tiago Pacheco do 7.ºC
Miguel Macedo, do 8.ºB
Iara Sebastião, do 9.ºC
Francisco Ascenso, do 11.ºA
Os poemas...
AUTOPSICOGRAFIA
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama
o coração.
Fernando Pessoa
POR TODOS OS
CAMINHOS DO MUNDO
A
minha poesia é assim como uma vida que vagueia
pelo mundo, por todos os caminhos do mundo,
desencontrados como os ponteiros de um relógio velho,
que ora tem um mar de espuma, calmo, como o luar
num jardim noturno.
Ora um deserto que o simum veio modificar,
ora a miragem de se estar perto do oásis,
ora os pés cansados, sem forças para além.
Que ninguém me peça esse andar certo de quem sabe
o rumo e a hora de o atingir,
a tranquilidade de quem tem na mão o profetizado
de que a tempestade não lhe abalará o palácio,
a doçura de quem nada tem a regatear,
o clamor dos que nasceram com o sangue a crepitar.
Na minha vida nem sempre a bússola se atrai ao mesmo
norte.
Que ninguém me peça nada. Nada.
Deixai-me com o meu dia que nem sempre é dia,
com a minha noite que nem sempre é noite
como a alma quer.
Não sei caminhos de cor.
Fernando
Namora
SER
POETA
Ser
poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
Florbela Espanca
Vamos às leituras...
https://www.youtube.com/watch?v=swT_3eUsxeY
https://www.youtube.com/watch?v=fLHrqmzqn_w
https://www.youtube.com/watch?v=vUtciSxZLV0
https://www.youtube.com/watch?v=5koZQfB4Msg
https://www.youtube.com/watch?v=HhRb4ruNB3o
https://www.youtube.com/watch?v=shl3adLYm4E
https://www.youtube.com/watch?v=nuLaYq1p-vM
https://www.youtube.com/watch?v=nqMg8sMQ9vA
https://www.youtube.com/watch?v=-iG1W5Bflh4
https://www.youtube.com/watch?v=dRZWgiVTciQ
https://www.youtube.com/watch?v=RvX06mMFKrc
https://www.youtube.com/watch?v=nOroCZAepbk
https://www.youtube.com/watch?v=9FHfgZ-yqTU
https://www.youtube.com/watch?v=ZEK9G4GYwjs
https://www.youtube.com/watch?v=FTkTT9AjdN0
https://www.youtube.com/watch?v=FIH7TL0KOSA
https://www.youtube.com/watch?v=Aa-wSbZTHpg
https://www.youtube.com/watch?v=WHl-TUEokew