O Dia Mundial da Poesia – 21 de março - foi assinalado pela
Biblioteca de forma singela.
A data foi criada na 30ª Conferência Geral da UNESCO em 16 de
novembro de 1999.
O Dia Mundial da Poesia comemora a livre criação de ideias
através das palavras, da criatividade e da inovação. A data visa sublinhar a
importância da reflexão sobre o poder da linguagem e do desenvolvimento das
habilidades criativas de cada pessoa.
Portugal é um país de poetas, cuja obra literária é mundialmente
conhecida. Alguns dos poetas mais conhecidos são Luís de Camões, Fernando
Pessoa, António Nobre, Florbela Espanca, José Régio, Natália Correia, Eugénio
de Andrade, Cesário Verde, Miguel Torga e Sophia de Mello Breyner Andersen
Na nossa Biblioteca, para além da sugestão de livros de
poetas diferentes, disponíveis para requisição, os alunos foram desafiados a
escolher um poema a seu gosto e a declamá-lo. Foram vários os participantes e
muitos mais poderiam ter sido, assim houvesse mais tempo.
Viva a poesia!
Para vós,
selecionei o poema Não tenho pressa: não a têm o sol e a lua, de Alberto
Caeiro, um dos heterónimos de Fernando Pessoa. Não deixem também de ouvir os poemas declamados por alguns alunos e até por uma professora.
Mais uma vez, VIVA A POESIA!
Mais uma vez, VIVA A POESIA!
Prof.ª
Helena Silva
Alberto
Caeiro
Não
tenho pressa: não a têm o sol e a lua.
Não tenho pressa: não a têm o sol e a
lua.
Ninguém anda mais depressa do que as
pernas que tem.
Se onde quero estar é longe, não estou
lá num momento.
Sim: existo dentro do meu corpo.
Não trago o sol nem a lua na algibeira.
Não quero conquistar mundos porque dormi
mal,
Nem almoçar o mundo por causa do
estômago.
Indiferente?
Não: filho da terra, que se der um
salto, está em falso,
Um momento no ar que não é para nós,
E só contente quando os pés lhe batem
outra vez na terra,
Traz! na realidade que não falta!
Não tenho pressa. Pressa de quê?
Não têm pressa o sol e a lua: estão
certos.
Ter pressa é crer que a gente passe
adiante das pernas,
Ou que, dando um pulo, salte por cima da
sombra.
Não; não tenho pressa.
Se estendo o braço, chego exatamente
aonde o meu braço chega -
Nem um centímetro mais longe.
Toco só aonde toco, não aonde penso.
Só me posso sentar aonde estou.
E isto faz rir como todas as verdades
absolutamente verdadeiras,
Mas o que faz rir a valer é que nós
pensamos sempre noutra coisa,
E somos vadios do nosso corpo.
E estamos
sempre fora dele porque estamos aqui
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