Desafios…
A Coordenadora da Biblioteca adora lançar
desafios e sabe ser persistente…
Foi assim que, no dia 11 de outubro, a seu
pedido, invadi a turma do 10º ano onde ela se encontrava em plena aula de
Português, acompanhada pelos meus alunos do 11º A. E tudo isto porquê?
Simplesmente para dinamizar uma atividade inserida na celebração do Mês
Internacional da Biblioteca Escolar.
Inicialmente, estava prevista a leitura de um
texto à minha escolha, mas não me consegui decidir por nenhum. A bem da
verdade, também não tive muito tempo para pensar no assunto. Por isso, de
véspera, a uma hora já bem tardia e à boa maneira portuguesa, resolvi redigir
umas linhas… e resultou um pequeno texto ao qual adicionei uma mensagem e um
poema resultante das minhas pesquisas, que partilhei com todos os presentes.
Prof.ª Ana Paula Graça
Prof.ª Ana Paula Graça
A
BIBLIOTECA É UM LUGAR MÁGICO
A magia da leitura
As portas abriram-se e o espaço transformou-se…
O mundo que surge aos meus olhos está repleto de
magia.
Passo a passo vou tentando assimilar cada
cantinho que se me oferece ao olhar e procurar descobrir nele a janela, ou a
porta, ou melhor, o caminho para uma nova dimensão.
No labirinto de tantas oportunidades tocadas pela
varinha de um mago invisível, tento encontrar um sinal para onde dirigir os
meus passos.
- Hei, estou aqui – ouço de um lado.
- Aqui, aqui – clamam de outro.
- Olá, estou prontinho para te acompanhar –
gritam do fundo…
A minha cabeça gira naquele lugar encantado, o
meu pensamento redopia sem parar na vertigem de tanto encantamento, os meus pés
vacilam na direção a tomar. Queria tanto experimentar a paisagem que se
apresenta em cada janela que se ilumina, em cada porta que se abre, em cada
caminho que se espraia sem fim… E, no segundo seguinte, a luz da janela mudou
de tom, a porta revela um novo percurso, o caminho tem um outro destino e a
paisagem aparece distinta diante mim… Como viver tal magia?
- Pst, pst… – escuto um som baixinho, vindo
timidamente de uma prateleira semiescondida no turbilhão do espetáculo que se
agita sem parar.
Lentamente e irresistivelmente encaminho o meu corpo
naquela direção. O meu braço estende-se, a minha mão abre-se para tocar de
perto aquela oferta modesta, mas
irresistível. Para onde me levará esta voz? Paro a seu lado fascinada,
observando com atenção cada gesto que se agita. Letra a letra, uma pena vai
desenhando palavras que vão construindo uma história onde muitos seres que eu
não conheço se vão entrecruzando comigo, convidando-me para partilhar com eles
uma nova vida. Olho e vejo rostos amigáveis que me seduzem
Como fugir a tal desafio? Não tenho dúvida, já
tomei a minha decisão.
A meu lado, uma porta vai-se abrindo para me
mostrar o brilho de um trilho que me pode levar a esse novo espaço em
construção. Sem hesitar, dou alguns passos nessa direção, decidida a aproveitar
cada momento do mundo recente que surge à minha frente.
Agora, não quero perder mais tempo. Apresso-me.
Dou um passo mais largo. Começo a correr, dou um salto para transpor
rapidamente o degrau que surgiu inesperadamente e, de repente, abro os olhos
estonteada…
Onde estou? – interrogo-me numa fração de
segundo.
Ah, é verdade, a minha cabeça… Pois, tinha vindo
à biblioteca procurar um livro para me acompanhar durante uma pausa nos afazeres
quotidianos, sentei-me no sofá a ler, entusiasmei-me com a história, fiquei
aqui horas a fio, acabei por adormecer e sonhei. Sonhei com a BIBLIOTECA, que é
um lugar mágico, e com a MAGIA DA LEITURA!…
Ana Paula Graça (texto inédito – 10/10/2019)
Efetivamente, «A leitura é uma forma de magia.
Lendo, deixamos de lado as limitações da vida quotidiana, a nossa mente expande-se
e podemos visitar lugares e tempos diferentes.
A boa leitura provoca experiências
místicas e rompe os muros da mediocridade.
Quando descobrimos a delícia de ler, a nossa
aprendizagem na vida adquire proporções ilimitadas. O escritor argentino
Jorge Luís Borges escreveu:
“Dos instrumentos do homem, o livro é, sem
dúvida, o mais assombroso. Os demais são extensões do corpo. O microscópio,
o telescópio, são extensões da sua vista; o telefone é extensão da sua voz;
depois, temos o arado e a espada, extensões do seu braço. Mas o livro é outra
coisa: o livro é extensão da memória e da imaginação.”»
(Adaptado de
“Um Jeito Misterioso de Falar em Silêncio”, Carlos Cardoso Aveline, in https://www.filosofiaesoterica.com/a-arte-de-ler/ )
Eis um exemplo da magia da leitura:
Um livro
Levou-me um livro em viagem
não sei por onde é que andei
Corri o Alasca, o deserto
andei com o sultão no Brunei?
P’ra falar verdade, não sei
não sei por onde é que andei
Corri o Alasca, o deserto
andei com o sultão no Brunei?
P’ra falar verdade, não sei
Com um livro cruzei o mar,
não sei com quem naveguei.
Com marinheiros, corsários,
tremendo de febres e medo?
P’ra falar verdade não sei.
não sei com quem naveguei.
Com marinheiros, corsários,
tremendo de febres e medo?
P’ra falar verdade não sei.
Um livro levou-me p’ra longe
não sei por onde é que andei.
Por cidades devastadas
no meio da fome e da guerra?
P’ra falar verdade não sei.
não sei por onde é que andei.
Por cidades devastadas
no meio da fome e da guerra?
P’ra falar verdade não sei.
Um livro levou-me com ele
até ao coração de alguém
E aí me enamorei –
de uns olhos ou de uns cabelos?
P’ra falar verdade não sei.
até ao coração de alguém
E aí me enamorei –
de uns olhos ou de uns cabelos?
P’ra falar verdade não sei.
Um livro num passe de mágica
tocou-me com o seu feitiço:
Deu-me a paz e deu-me a guerra,
mostrou-me as faces do homem
– porque um livro é tudo isso.
tocou-me com o seu feitiço:
Deu-me a paz e deu-me a guerra,
mostrou-me as faces do homem
– porque um livro é tudo isso.
Levou-me um livro com ele
pelo mundo a passear
Não me perdi nem me achei
– porque um livro é afinal…
um pouco da vida, bem sei.
pelo mundo a passear
Não me perdi nem me achei
– porque um livro é afinal…
um pouco da vida, bem sei.
O G é um gato enroscado, João Pedro Méssede
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