Há dias felizes!
Eu passei dias muito felizes no Agrupamento de Escolas
Henrique Sommer. Desde o primeiro dia, fui acolhida na grande família que
habita aquela comunidade educativa como mais um membro, alguém com uma cadeira
à sua espera para se sentar à mesa. Foi, por isso, mais um dia feliz aquele em que recebi
o convite da professora bibliotecária do agrupamento. Se teria tempo para vir
falar aos alunos do 12.º ano? Claro que tinha! Falar-lhes de uma personalidade
que me é tão cara e que considero sem hesitar a mais interessante, intrigante e
inesgotável da literatura portuguesa seria um enorme gosto. E foi. Simpáticos,
interessados e atentos, os alunos apresentaram-me o seu Pessoa: triste,
bipolar, esquizofrénico, solitário, incompreensível, confuso, sem sentido de
humor nem paciência para crianças, mas inteligente, culto, genial. Eu, com a
familiaridade do convívio de vários anos, apresentei-lhes o meu Pessoa: triste,
solitário, detentor de uma cultura imensa e diversificada, patriota, divertido,
brincalhão, apaixonado, meigo, sempre com inúmeros projetos, sem jeito para o
negócio, obcecado pela sua obra, o grande projeto da sua vida, excelente
escritor, complexo, mas não confuso, plural, genial.
Se convenci os alunos? Não sei. Mas tenho a certeza que nunca
mais olharão para o Poeta da mesma maneira, depois de lhe terem espreitado as
cartas de amor, de saberem do beijo arrebatador e de ouvirem as suas anedotas
prosaicas.
Valeu, portanto, a pena este meu regresso a casa, porque
"Tudo vale a pena/ Se a alma não é pequena."
Obrigada a todos! Um grande abraço.
Prof.ª Maria João Serrado
Momentos...
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