A Biblioteca da Escola Básica de
Maceira foi o local escolhido por Ana Cristina Luz para o lançamento do seu
último livro A escolha do Sebastião,
que, segundo nos revelou, “esperou 15 anos para nascer”! O livro conta com a
participação de catorze ilustradores, a saber: Ana Carolina Novo, Ana Fatela,
Ana Filipa Correia, Ana Paula Barata, Ana Sílvia Malhado, Djanira Costa, Filipa
Silvério, Irene Gomes, Isabel Teixeira de Sousa, Mariana Coutinho, Margarida
Reis Oliveira, Tânia Lopes, Cláudio Pia e Ana Cristina Luz.
Neste evento, que teve lugar no
dia 31 de março, pelas 15h30, para além de familiares e amigos de Ana Cristina
Luz, estiveram presentes o Engenheiro Carlos Fernandes, Diretor da editora
Textiverso, Luís Prata e Romeu Tavares, representantes da Junta de Freguesia de
Maceira, as ilustradoras e Lúcia Bento e Margarida Oliveira, representantes
respetivamente da Appc - leiria e Casa do Mimo – Batalha. Foram oferecidos 50
exemplares do livro a cada uma, revertendo em 100% as receitas dos livros que
venderem.
Estava
prevista que a apresentação do livro fosse feita pelo professor Luís Mourão,
que por motivos pessoais não pôde estar presente. No entanto, enviou um texto
foi lido pelo Engenheiro Carlos Fernandes, e que a seguir se transcreve.
“Gosto muito d’A escolha do Sebastião. É um livro simples e claro, um
livro aparentemente inocente, que encerra uma das questões cruciais para
vivermos, nós os Sebastiões mais velhos, de bem connosco e com aqueles que nos
rodeiam e, sobretudo, lhe dá uma resposta.
Sebastião quis
escolher a profissão, e sabemos todos que mais tarde ou mais cedo, um dia
qualquer, inevitavelmente, é o que todos os seres sociais racionais tem de
fazer. Escolher.
Escolher, mais
do que a forma de recolher rendimentos que nos permitem sobreviver, o modo como
ocupamos e gerimos um lugar na sociedade do trabalho e como a partir daí
gerimos a nossa relação com o mundo. Uma profissão, portanto.
Sebastião
escolhe como uma criança, sem fronteiras ou limites. Sebastião, não tem nem
precisa de uma ideia condutora de um fio que o conduza no seu labirinto de
opções, porque, para ele, todas as opções estão em aberto. Tudo é possível a
partir do momento em que o seu exercício de escolha é sempre inclusivo – ser
isto ou aquilo, porque não? Ser isto ou talvez aquilo, talvez.
Uma grande
poetisa brasileira, Cecília Meireles, tem um poema muito bonito sobre esta
questão, chama-se Ou Isto ou Aquilo. Permitam que vos recorde como é:
Ou se tem chuva
e não se tem sol
ou se tem sol e
não se tem chuva!
Ou se calça a
luva e não se põe o anel,
ou se põe o
anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos
ares não fica no chão,
quem fica no
chão não sobe nos ares.
É uma grande
pena que não se possa
estar ao mesmo
tempo em dois lugares!
Ou guardo o
dinheiro e não compro o doce,
ou compro o
doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou
aquilo: ou isto ou aquilo . . .
e vivo
escolhendo o dia inteiro!
Não sei se
brinco, não sei se estudo,
se saio
correndo ou fico tranquilo.
Mas não
consegui entender ainda
qual é melhor:
se é isto ou aquilo.
Sebastião, quer e pode ter tudo, não tem ainda de escolher entre isto e
aquilo porque o seu mundo é todo feito de possíveis. A impossibilidade neste
livro da Ana Cristina, não existe. E podíamos ter ficado por aqui.
Disse que A escolha do Sebastião coloca uma pergunta e lhe dá uma
resposta. Sebastião escolhe mesmo. Escolhe por amor. Não por isto ser, ou lhe
parecer ser, melhor ou mais gratificante do que aquilo, mas, porque é naquilo
que se traduz um desejo, por mais vago e infantil que pareça ser, de felicidade.
Sebastião escolhe entre todos os possíveis do seu mundo aquele que de
braço dado com aquilo de que gosta se levantará certamente, agigantado pelo que
o coração lhe dita, contra todos os impossíveis.
Devia ser sempre assim.
Luís Mourão”
Num ambiente informal e emotivo, a
autora e as ilustradoras falaram sobre a génese do livro e respetivas
motivações.
A apresentação terminou com a
leitura do livro, solicitada pelas crianças presentes na audiência.
Seguiu-se uma sessão de
autógrafos, coroada com um porto de honra.
Muito obrigada, Ana Luz, por ter
escolhido este espaço. Foi uma maneira brilhante de encerrar a(s) Semana(s) da
Leitura(s) 2018.
Bem-haja.
Helena Silva
Sem comentários:
Enviar um comentário