domingo, 1 de abril de 2018

De que leitura(s) és feito(a)?

                                                                 De que leitura(s) és feito(a)?  





Foi este o desafio lançado a vários profissionais e alunos do Agrupamento, no âmbito da comemoração da(s) Semana(s) da Leitura 2018, subordinada ao tema "Ler a qualquer hora e em qualquer lugar".
Muito obrigada a todos os que participaram. O vosso testemunho é muito importante.
Deliciem-se  a ler os textos (olhem que vale mesmo a pena!) e reflitam também sobre a importância que os livros e a leitura têm na vossa vida!




         

                     DE QUE LEITURAS SOU FEITO (A)?



Prof.ª Abília Bernardo (Filosofia)

Sou feita de pequenas histórias e cada uma delas, reflete um pedaço desta jornada que é a vida. Um livro poderá representar um elemento diferente; poderá ser um amigo que está sempre disponível para nos ajudar a refletir, a questionar, a argumentar, a projetar diferentes momentos da nossa vida. Tais momentos contribuíram para a minha ascensão, quer a nível pessoal, quer a nível profissional.

Desde tenra idade que diversas histórias me transportaram para o mundo da fantasia, mundo esse que, na realidade, não existe. A partir da adolescência diversos foram os livros que refletem um pouco do que sei hoje. Tais como: os livros de Eça de Queirós, Antero de Quental, Sophia de Mello Breyner, José Saramago, Descartes, Jean Paul Sartre, Russell…. Estes despertaram em mim um gosto e um interesse em descobrir e aprofundar questões que colocamos ao longo da nossa vida, que nos inquietam e que dizem respeito a toda a humanidade. Tal como nos diz José Saramago, efetivamente: “a leitura é, provavelmente, uma outra maneira de estar em um lugar”.
Dificilmente conseguirei identificar de que leituras sou feita, uma vez que todas elas, que fazem parte da minha caminhada, cada uma à sua maneira, refletem a minha essência. Cada leitura tem a capacidade de influenciar o meu modo de agir, pensar e falar.
Descobri, assim, “ (…) que a leitura é uma espécie de sonho escravizado, se devo sonhar porque não sonhar os próprios sonhos” (Fernando Pessoa).
Haverá sempre um novo livro para adicionar à minha vida.

Prof.ª Amélia Nunes (Inglês)
Ainda mal conseguia juntar o “A” e “B”, já os livros de “histórias aos quadradinhos” me cativavam … O Cascão, a Mónica, o Cebolinha… E claro, o Tio Patinhas!!! Embora não dominasse o vocabulário, era fascinante ler um bocadinho todos os dias e saborear cada balão e quadradinho ilustrado, porque só passado muito tempo me era permitido comprar outro!!!
Muitos anos depois, vieram as obras de leitura obrigatória do ensino secundário… Ainda que obrigada a fazê-lo, li-as com prazer! Ficou-me na memória os “Maias”, tanto que outras obras de Eça de Queirós vieram a fazer parte dos meus longos verões da adolescência!
Já na faculdade, os clássicos Britânicos fizeram parte do meu percurso académico… Retenho na memória Jane Austen, Virginia Woolf e William Shakespeare… “To be or not to be, that’s the question”!
De então para cá, são muitos os livros de eleição e escritores preferidos… Isabel Allende, Laura Esquível e Ken Follett são apenas alguns dos muitos que têm feito as minhas delícias e se traduzem numa verdadeira companhia! Sinto uma enorme alegria quando termino um livro, mas ao mesmo tempo um vazio!!! E não consigo começar a ler outro logo de imediato… A necessidade de me despedir de cada personagem e de cada cenário por mim imaginado é imperiosa! E só quando, de algum modo, as suas imagens se tornam ténues na minha memória, é que consigo encetar uma nova leitura… Que me vai permitir acrescentar mais uma viagem ao rol das leituras de que sou feita!!!!

Prof. António Almeida (História)
Como se costuma dizer, sou feito das leituras que fiz/faço… mas também daquelas que pretendo fazer e até daquelas que nunca farei!
O meu primeiro contacto com a leitura aconteceu precocemente, cerca dos 4 anos de idade, incentivado pelo meu avô que me lia o jornal desportivo “A Bola”!
Foi uma alegria perceber que conseguia ler… como o avô!
Depois, foi o avanço gradual…
Dos pequenos livros infantis até chegar aos clássicos, passando pela leitura de BD,  passaram-se anos, anos em que conheci mundos diferentes, anos em que alguns livros me enganaram pela capa e outros me surpreenderam pelo conteúdo, anos em que me conheci cada vez melhor.
Habituei-me a aproveitar todas os meus “tempos mortos” para ler (menos nas inúmeras horas que perdi nos transportes públicos, pois sempre enjoei) e ler na cama, antes de dormir, sempre fez parte da minha rotina.
Não há fórmulas mágicas para nos tornarmos leitores assíduos e gostarmos de livros... é preciso dedicação, ler por prazer e não por obrigação.
O hábito de leitura conhece agora novos desafios com todos os gadgets que existem… mas é, também assim, que se percebe quem somos nós e de que leituras somos feitos.
Parece que é suposto fazer uma listagem com alguns livros que me proporcionaram boas leituras… é uma tarefa complicada, pois a lista que farei hoje não será, certamente, a mesma que farei daqui a um mês, mas aqui vai, sem ordem cronológica e sem ordem de importância!
“Os Cinco” – Enid Blyton
“O Perfume” – Patrick Süskind
“Poesias Completas” – Alexandre O’Neill
“As Mãos e os Frutos” – Eugénio de Andrade
“Conta Corrente” – Vergílio Ferreira
“Livro do Desassossego” – Fernando Pessoa
“O Nome da Rosa” – Umberto Eco
“Astérix e Obélix” – Albert Uderzo e René Goscinny
“Ulisses” – James Joyce
“1984” – George Orwell

Acabei a lista e já tenho vontade de a reformular…

Anabela Gaspar (prof.ª do 1.º Ciclo) 

.... Tenho alicerces na velhinha Biblioteca itinerante de há 40 anos atrás, da Calouste Gulbenkian, numa carrinha cinzenta, carregadinha de livros arrumados meticulosamente. De quinze em quinze dias passava pelas ruas da cidade de Tomar e, com a sua buzina estridente, chamava a atenção daqueles que esperavam ansiosamente pela sua chegada. E lá ia a pequenada toda a abeirar-se em bicos de pé, tentando ser o primeiro a poder escolher os livros que ainda não tinham sido lidos.

Eu requisitava o número máximo de livros possível e, durante o tempo permitido, devorava os “Cinco” e as suas aventuras, os livros da Agatha Christie com os crimes avassaladores, outros tantos.
Anos mais tarde, apaixonei-me pelas histórias de Perrault e das dos irmãos Grimm.
Da imensa panóplia de livros que já li o que mais me marcou foi “O Rapaz do Pijama às Riscas”, de John Boyne. Uma história verídica, entre duas crianças que vivem diversas aventuras juntas, durante um período marcante da história da humanidade – Holocausto. Toca os mais insensíveis e, para além de ter uma leitura bastante fácil, guarda nele uma história com uma grande  mensagem. Vale a pena descobrir!
 
Assistente Operacional Alcina Vale
Sou feita de todas as leituras, pois amo ler. Leva-me a viajar, limpa-me a mente dos afazeres diários e outras coisas mais…
Tudo começou quando andava na escola, nos meus tempos livres ia para a biblioteca municipal. Quando terminei de ler os livros recomendados para a minha idade, comecei a ir buscar livros á estante ao lado, para a senhora não dar por isso, imaginem que autor estava ali tão perto? Camilo Castelo Branco, com as seus belos romances…
Foram tantos os livros que li, que não consigo destacar um autor. Os sul americanos, Isabel Allende e Miguel Garcia Marquez, são autores que admiro. Saramago é um dos meus autores portugueses preferidos, embora tenha começado com   Eça de Queiroz, Júlio Diniz, Soeiro Pereira Gomes, Esteiros, obrigatório nos anos pós 25 de abril e que para mim não o foi, pois gostei muito e outros clássicos; mas há tantos outros: Rosa Lobato Faria, Domingos Amaral, José Rodrigues dos Santos, Miguel Sousa Tavares…
Lírica de Camões e de Fernando Pessoa, que conheço menos, mas tenho pena.
Clássicos como Hemingwey, o Homem e o mar, Steinbeck, As vinhas da Ira; entre outros.
Os livros transportam-me para outros mundos, na altura da morte da minha mãe, refugiei-me na saga Harry Potter, um mundo alternativo, onde não existia a dor real da perda.
Amo policiais, dos quais destaco Agatha Christie. Recentemente li um autor japonês Haruki Murakami pelo qual me apaixonei, estou à espera do 4º volume, é pena que demorem muito tempo a fazer as traduções. Li também alguns autores nórdicos que me deixaram uma bela impressão no campo do suspense. Neste momento ando a ler Júlia Navarro, Diz-me quem sou, que retrata a época da guerra civil espanhola e a 2ª guerra mundial, estou a gostar muito.
Agora, uma coisa que vai espantar, gosto de literatura juvenil, Robert Muchamore com a coleção CHERUB, entre outros.
Enfim sou uma leitora compulsiva…

Prof.ª Diana Oliveira (Português)
O meu avô tinha imensos romances em formato de bolso, daqueles muito trágicos no enredo mas com finais muito felizes. A minha mãe e as minhas tias devoravam fotonovelas, que só diferiam dos romances do meu avô porque eram ilustradas. Sei isto muito bem, porque os lia a todos às escondidas.
Cresci com o “Astérix” e com a “Mafalda”, mas lá em casa eramos sempre “Os Cinco”, às vezes “Os Sete”. Adoeci de tristeza quando li “O meu pé de laranja lima” e decorei páginas inteiras de “The tide of life” (ainda sei a introdução de cor…)
No fim da adolescência, mergulhei nas “Brumas de Avalon” e a Avalon volto sempre que posso – lá em casa não é difícil, são duas prateleiras a abarrotar!
Hoje, em dias de sol, sou “Eva Luna”, em dias de chuva, um “Navegador solitário”. Às segundas, preciso d’”A luz entre oceanos”, à quarta de “Chocolate” e às sextas entro em “Delírio”. Quando me apetece, grito “Morte aos feios” e acho que numa vida passada fui “Baudolino”. Às vezes sinto que vivo em “A montanha da água lilás” e nunca descobri “O segredo do meu marido”.
Como tenho a sorte de ter amigos que também gostam de ler, o meu “Contigo para sempre” vive em casa da minha amiga Sandra; em minha casa estão temporariamente alojadas “As crónicas de Bridei” da minha amiga Inês.
“O principezinho” foi o primeiro livro que o príncipe lá de casa leu sozinho.  É o livro do nosso coração.
Sou muitas leituras e todas elas me constroem. Gosto da minha vida. O que mais desejo é ter tempo, ter tempo para realizar todos os meus sonhos, ter tempo para ler, ter tempo para …. para… “Viver para contá-la!” 

Prof.ª Glória Rodrigues (Português)
De que  leituras sou feita?
…..de tantas e tão variadas, dos Cinco  de Enid Blyton a Mia Couto, de Camões a Louisa May Alcott, de Dan Brown, Jorge Amado, John Steinbeck , Paulo Coelho, Pearl Buck… a José Rodrigues dos Santos ou José Luis Peixoto…  viajei por histórias,  aventuras, chorei, ri, vivi as alegrias e tristezas das personagens, voei para longínquas  paragens, visitei mundos desconhecidos.
Quantas vezes perdi a noção do tempo! Quantas li, às escondidas,  de  lanterna na mão, debaixo dos cobertores! Porque…
Ler é sonhar pela mão de outrem – Fernando Pessoa

Prof.ª Inês Sousa (Matemática)
      Sou feita de uma lista tão extensa que dá voltas e enrola-se como uma escada em caracol.
     Leio compulsivamente e sempre vários livros ao mesmo tempo. Porquê? Porque tenho tanta vontade de ler, que acho que se ler vários posso, eventualmente, satisfazer o meu desejo de ler. Leio desde pequena, pois fui muito estimulada a ler em casa e na escola, mas sobretudo porque adoro. É o meu passatempo favorito.
     Sigo vários blogues portugueses e estrangeiros, que estão sempre atualizados e de alguma forma me fazem preencher o imenso prazer de ler em qualquer lugar e diversos estilos literários.
Blogues portugueses refiro três, pois acompanho uma lista muito longa. Adoro o blogue “ A mulher que ama livros”, “ Mil estrelas no colo” e “Jardim mil histórias”
      Gosto muito de um brasileiro “Amo a leitura” e diversos ingleses. Existem bloguers e youtubers portugueses de muita qualidade, que promovem a leitura e diversas actividades nesta área. Atividades que qualquer leitor adora! E não são só grupos de leitura, também existem encontros com debates, vídeos em direto para o youtube e encontros em todo o país!
      Gosto de um encontro promovido no Goodreaders, que é o Clube dos Clássicos Vivos. Este grupo promove a leitura de clássicos, assim como encontros onde se discutem obras em locais emblemáticos. 
Sou feita de muitos livros, clássicos, atuais ou a publicar… Como clássico escolho Eça de Queirós, a obra “Os Maias”, que já li cinco vezes e continuo a adorar. Atuais, gosto de muitos escritores. Não vou mencionar nenhum porque leio uma infinidade deles. A publicar escolho a obra “A rapariga que lia no metro” de Christine Féret-Fleury, porque me desperta alguma curiosidade.
    Ler. Ler com entusiasmo e em qualquer lugar! O mundo virtual é uma porta, mas adoro o livro na mão! Cheiro de livro! Adoro ler!

Prof.ª Olga Correia (História)
Psst! Ei! Tu!
-Quem? Eu?
-Não, a minha vizinha do lado! Claro que és tu. Olha lá, se eu perguntasse de que leituras és feita, respondias?
- Ora bem, vamos lá esclarecer uma coisa rapidamente. Não sou pessoa para me lançar à primeira pergunta pespegada em papel branco pintalgado de letras negras, mas hoje, estou com uma dose de generosidade imensa, e até posso responder muito facilmente que sou feita de leituras várias, entre páginas amontadas e bem colocadas em volumes de tamanhos vários e conteúdos diferenciados. Chega? – Pois olha, sem agora estarmos preocupados com mudanças de linha, dois pontos e travessões, sempre te digo, que podes ter falado muito, mas não disseste nada. - Ai, sim? E já agora pergunto, afinal quem és tu? Algum inquiridor de um mestre, ou mestra obesa de parágrafos e frases feitas? Não senhor, fica sabendo que sou apenas um perguntador. Ah! Então, género masculino. Pois senhor perguntador, leve lá o recado a quem muito bem lho estendeu, e diga-lhe que sou feita de leituras breves, longas e intermédias, entre livros aos quadradinhos do onde vivia o pato mais rico do mundo e um tal Obelix, inimigo público de um império poderoso, e tudo a cores em quadradinhos de tamanhos diferentes. E qua já falamos assim, também lhe digo que sobrevoei a França ocupada pela força negra hitleriana combatida por um tal Major Alvega, que muito bem defrontou estas forças do mal, e às vezes, cansada dos loopings feito naquelas máquinas voadoras, ia ter com Mandrake, mágico de muita nomeada, todo ele em quadradinhos a preto e branco, que não era homem para viver a sua vida em jeito colorido. Também me virei para princesas cinderelas que foram mandadas à escola em reinos diferentes daquele de onde governava um rei especialmente bem pasmado. Cheguei inclusivamente a livros que tresandavam a desassossego, e outros, onde parentes que, sem o saberem,  se amaram de forma intensa e pouco própria, para além daqueles onde desterros e adeuses acenados lá de longe, após parágrafos pungentes e fins trágicos me deixavam a pensar se valeria a pena tanta lágrima…mas enfim! E ainda acrescento que, ultimamente, esta humidade nos leva a questionar “para onde vão os guarda-chuvas”, enquanto outros, erguem homenagens à inocência, em museus lá prós lados de Istambul, e tantos, tantos, até aquele do espião que veio do frio, onde, um pouco mais para a direita no mapa se fala de uma senhora chamada Ana Karenina, que não era familiar dos irmãos Karamazov, nem estes, filhos daquela que chamaram A Mãe. Se me virar para os ventos dos Andes que me trazem guerras do fim do mundo, e outros mundos com sabor a chocolate onde há crónicas de mortes anunciadas, digo-lhe senhor perguntador, que pode muito bem ir-se embora que me está a parecer um autêntico D. Casmurro.
- Mas eu não lhe disse para se alargar tanto …
- Cale-se. Alguém lhe perguntou alguma coisa?

Prof.ª Sofia Francisco (Inglês)
Tinha eu seis anos quando me informaram que não tinha vaga na escola da minha aldeia e que só entraria no ano seguinte. Lembro-me de ficar tão triste e revoltada que decidi aprender a ler. E, com ajuda da minha irmã que me ensinou as primeiras letras, levei a cabo o meu intento.
Como em casa não abundavam os livros, lembro-me de calcorrear a aldeia à procura de livros e de ler tudo o que encontrava: o jornal Mensageiro no café, as fotonovelas que a Bélita trazia de Leiria, os  livros de Corin Tellado que surripiava à minha irmã. Estas foram as minhas primeiras leituras e só mais tarde conheci Os cinco e As gémeas de Enid Blyton.
Hoje, já não percorro as ruas da aldeia em busca de livros. Hoje tenho a sorte de me poder perder em livrarias  e escolher os livro que quero ler e que farão parte de mim (e se por acaso me enganar e escolher um que não me arrepie, não tenho pudor em abandoná-lo a meio). Felizmente, tenho tido a sorte de encontrar muitos.
O último livro que me surpreendeu foi A Queda de um homem de Luís Osório. Um livro que estranhei, que fala de mundo tão diferente daquele onde vivo, que me deu trabalho de ler e reler passagens, que me emocionou.
De que leituras sou feita?  A pergunta é difícil e, para não ser injusta, inspiro-me em Pessoa e digo…sou plural como o universo.

Mariana Pereira, aluna do 8.º D
Muito antes de saber ler ou escrever, eu adorava qua a minha mãe me lesse histórias tradicionais, aquelas histórias para crianças, passadas num mundo fantástico, sempre acabadas com um final feliz, em que as personagens principais vivem felizes para sempre. Eu adorava esses tipos de contos!!  Eu gostava tanto deles que mesmo quando aprendi a ler, continuei a querer viajar pelas lindas palavras dessas histórias, como se nunca perdessem a sua magia, mesmo depois de as reler uma e outra vez.
            Apesar de crescer, e os livros terem mudado, o meu gosto não se modificou: continuei a adorar livros de fantasia. Ainda não percebo se o motivo de os ler é de sempre ter querido viver noutra realidade, ou se é devido á inveja que sinto dessas personagens por passarem por uma vida tão extraordinária e excitante. Talvez, até seja porque me dão pequenas esperanças de o mundo não ser todo tão normal e que talvez haja um pouco de magia pelo ar se a procurarmos melhor. Bem, uma coisa é certa: eu adorava profundamente todos os livros que se passavam num mundo irreal!!
            Mas, pensando que ia sempre continuar assim, para minha grande surpresa, no quarto ano, desleixei-me. Comecei a achar que era um grande aborrecimento ler sempre aqueles pequenos e “secantes” livros:  as suas histórias não tinham o enredo que procurava, não me agarravam ao livro como que a ansiar por mais, não me davam a sensação de os querer devorar com os olhos sempre pronta para a próxima peripécia. Nessa altura, tornei-me bastante difícil de surpreender.
            Para minha sorte, após este acontecimento, consegui encontrar a minha salvação: aminha tia, que por acaso tinha ido a minha casa nessa altura, aconselhou-me a “Saga Twilight”, um conjunto de livros sobre vampiros que, disse ela, eram adorados por qualquer fã de livros fantásticos. Eu, desesperada por um livro que me agradasse, decidi começar a lê-los.
            Ao início, o primeiro livro da saga, parecia como todos os outros, mas lendo-o mais a fundo surpreendi-me: a linguagem era tão precisa e complexa que quase me conseguia imaginar naqueles locais descritos com uma precisão incrível; o enredo era viciante, fazia-me querer virar a página para saber o que aconteceria depois; e, quando pensava que sabia o que iria ocorrer a seguir, o rumo da história mudava totalmente. Apenas conseguia assistir a tudo aquilo com o olhar fixo naquelas extraordinárias frases, sem emitir uma única palavra, á espera que o livro me levasse até aquelas pessoas desconhecidas mas que ao mesmo tempo parecia que já as compreendia há tanto tempo, até aquele final inesperado mas que eu sabia que iria descobrir mais tarde ou mais cedo.
            Passei dias inteiros a ler aqueles livros fascinantes. Ao acabar um, passava logo para o seguinte, quase parecendo um vício terrível que não conseguia ignorar.
            Ao chegar ao final da última página do último livro, percebi que aqueles momentos cheios de fantasia e encanto tinham acabado. Mas, em vez de me ter ficado a lamentar, saí da cama onde me encontrei em todos aqueles dias emocionantes, e ergui-me. Coloquei aqueles livros numa prateleira que tinha para lá no meu quarto, para que nunca me esquecesse quais foram os livros que mudaram a minha vida.
            A partir daí, comecei a ler cada vez mais, uma dependência impossível de se resistir; uma ânsia dentro de mim que não se apagava, sempre a puxar-me para o interior dos livros, um desejo de sonhar outra vez acordada.
            Agora, a minha pequena prateleira, que antes se encontrava vazia, já se encontra cheia de magníficos livros de fantasia.







 


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