Foi este o desafio lançado a vários profissionais e alunos do Agrupamento, no âmbito da comemoração da(s) Semana(s) da Leitura 2018, subordinada ao tema "Ler a qualquer hora e em qualquer lugar".
Muito obrigada a todos os que participaram. O vosso testemunho é muito importante.
Deliciem-se a ler os textos (olhem que vale mesmo a pena!) e reflitam também sobre a importância que os livros e a leitura têm na vossa vida!
DE QUE LEITURAS SOU FEITO (A)?
Prof.ª Abília Bernardo (Filosofia)
Sou
feita de pequenas histórias e cada uma delas, reflete um pedaço desta jornada
que é a vida. Um livro poderá representar um elemento diferente; poderá ser um
amigo que está sempre disponível para nos ajudar a refletir, a questionar, a
argumentar, a projetar diferentes momentos da nossa vida. Tais momentos contribuíram
para a minha ascensão, quer a nível pessoal, quer a nível profissional.
Desde
tenra idade que diversas histórias me transportaram para o mundo da fantasia, mundo
esse que, na realidade, não existe. A partir da adolescência diversos foram os
livros que refletem um pouco do que sei hoje. Tais como: os livros de Eça de
Queirós, Antero de Quental, Sophia de Mello Breyner, José Saramago, Descartes,
Jean Paul Sartre, Russell…. Estes despertaram em mim um gosto e um interesse em
descobrir e aprofundar questões que colocamos ao longo da nossa vida, que nos
inquietam e que dizem respeito a toda a humanidade. Tal como nos diz José
Saramago, efetivamente: “a leitura é, provavelmente, uma outra maneira de estar
em um lugar”.
Dificilmente
conseguirei identificar de que leituras sou feita, uma vez que todas elas, que
fazem parte da minha caminhada, cada uma à sua maneira, refletem a minha
essência. Cada leitura tem a capacidade de influenciar o meu modo de agir,
pensar e falar.
Descobri,
assim, “ (…) que a leitura é uma espécie de sonho escravizado, se devo sonhar
porque não sonhar os próprios sonhos” (Fernando Pessoa).
Haverá
sempre um novo livro para adicionar à minha vida.
Prof.ª Amélia Nunes (Inglês)
Ainda
mal conseguia juntar o “A” e “B”, já os livros de “histórias aos quadradinhos”
me cativavam … O Cascão, a Mónica, o Cebolinha… E claro, o Tio
Patinhas!!! Embora não dominasse o vocabulário, era fascinante ler um bocadinho
todos os dias e saborear cada balão e quadradinho ilustrado, porque só passado
muito tempo me era permitido comprar outro!!!
Muitos
anos depois, vieram as obras de leitura obrigatória do ensino secundário… Ainda
que obrigada a fazê-lo, li-as com prazer! Ficou-me na memória os “Maias”, tanto que outras obras de Eça
de Queirós vieram a fazer parte dos meus longos verões da adolescência!
Já
na faculdade, os clássicos Britânicos fizeram parte do meu percurso académico… Retenho na memória Jane
Austen, Virginia Woolf e William Shakespeare… “To be or not to be, that’s the question”!
De
então para cá, são muitos os livros de eleição e escritores preferidos… Isabel
Allende, Laura Esquível e Ken Follett são apenas alguns dos muitos que têm
feito as minhas delícias e se traduzem numa verdadeira companhia! Sinto uma
enorme alegria quando termino um livro, mas ao mesmo tempo um vazio!!! E não
consigo começar a ler outro logo de imediato… A necessidade de me despedir de cada
personagem e de cada cenário por mim imaginado é imperiosa! E só quando, de
algum modo, as suas imagens se tornam ténues na minha memória, é que consigo
encetar uma nova leitura… Que me vai permitir acrescentar mais uma viagem ao
rol das leituras de que sou feita!!!!
Prof. António Almeida (História)
Como se costuma dizer, sou feito das leituras que fiz/faço…
mas também daquelas que pretendo fazer e até daquelas que nunca farei!
O
meu primeiro contacto com a leitura aconteceu precocemente, cerca dos 4 anos de
idade, incentivado pelo meu avô que me lia o jornal desportivo “A Bola”!
Foi uma alegria perceber que conseguia ler… como o avô!
Foi uma alegria perceber que conseguia ler… como o avô!
Depois,
foi o avanço gradual…
Dos
pequenos livros infantis até chegar aos clássicos, passando pela leitura de BD,
passaram-se anos, anos em que conheci
mundos diferentes, anos em que alguns livros me enganaram pela capa e outros me
surpreenderam pelo conteúdo, anos em que me conheci cada vez melhor.
Habituei-me
a aproveitar todas os meus “tempos mortos” para ler (menos nas inúmeras horas
que perdi nos transportes públicos, pois sempre enjoei) e ler na cama, antes de
dormir, sempre fez parte da minha rotina.
Não
há fórmulas mágicas para nos tornarmos leitores assíduos e gostarmos de
livros... é preciso dedicação, ler por prazer e não por obrigação.
O
hábito de leitura conhece agora novos desafios com todos os gadgets que
existem… mas é, também assim, que se percebe quem somos nós e de que leituras
somos feitos.
Parece
que é suposto fazer uma listagem com alguns livros que me proporcionaram boas
leituras… é uma tarefa complicada, pois a lista que farei hoje não será,
certamente, a mesma que farei daqui a um mês, mas aqui vai, sem ordem
cronológica e sem ordem de importância!
“Os
Cinco” – Enid Blyton
“O
Perfume” – Patrick Süskind
“Poesias
Completas” – Alexandre O’Neill
“As
Mãos e os Frutos” – Eugénio de Andrade
“Conta
Corrente” – Vergílio Ferreira
“Livro
do Desassossego” – Fernando Pessoa
“O
Nome da Rosa” – Umberto Eco
“Astérix
e Obélix” – Albert Uderzo e René Goscinny
“Ulisses”
– James Joyce
“1984”
– George Orwell
Acabei
a lista e já tenho vontade de a reformular…
Anabela Gaspar (prof.ª do 1.º Ciclo)
Anabela Gaspar (prof.ª do 1.º Ciclo)
.... Tenho alicerces na velhinha Biblioteca itinerante de há
40 anos atrás, da Calouste Gulbenkian, numa carrinha cinzenta, carregadinha de
livros arrumados meticulosamente. De quinze em quinze dias passava pelas ruas
da cidade de Tomar e, com a sua buzina estridente, chamava a atenção daqueles
que esperavam ansiosamente pela sua chegada. E lá ia a pequenada toda a
abeirar-se em bicos de pé, tentando ser o primeiro a poder escolher os livros
que ainda não tinham sido lidos.
Eu requisitava o número máximo de livros possível e, durante
o tempo permitido, devorava os “Cinco” e as suas aventuras, os livros da Agatha
Christie com os crimes avassaladores, outros tantos.
Anos mais tarde, apaixonei-me pelas histórias de Perrault e
das dos irmãos Grimm.
Da imensa panóplia de livros que já li o que mais me marcou
foi “O Rapaz do Pijama às Riscas”, de John Boyne. Uma história verídica, entre
duas crianças que vivem diversas aventuras juntas, durante um período marcante
da história da humanidade – Holocausto. Toca os mais insensíveis e, para além
de ter uma leitura bastante fácil, guarda nele uma história com uma grande mensagem. Vale a pena descobrir!
Assistente Operacional Alcina Vale
Sou
feita de todas as leituras, pois amo ler. Leva-me a viajar, limpa-me a mente
dos afazeres diários e outras coisas mais…
Tudo
começou quando andava na escola, nos meus tempos livres ia para a biblioteca
municipal. Quando terminei de ler os livros recomendados para a minha idade,
comecei a ir buscar livros á estante ao lado, para a senhora não dar por isso,
imaginem que autor estava ali tão perto? Camilo Castelo Branco, com as seus
belos romances…
Foram
tantos os livros que li, que não consigo destacar um autor. Os sul americanos,
Isabel Allende e Miguel Garcia Marquez, são autores que admiro. Saramago é um
dos meus autores portugueses preferidos, embora tenha começado com Eça de
Queiroz, Júlio Diniz, Soeiro Pereira Gomes, Esteiros, obrigatório nos anos pós
25 de abril e que para mim não o foi, pois gostei muito e outros clássicos; mas
há tantos outros: Rosa Lobato Faria, Domingos Amaral, José Rodrigues dos
Santos, Miguel Sousa Tavares…
Lírica
de Camões e de Fernando Pessoa, que conheço menos, mas tenho pena.
Clássicos
como Hemingwey, o Homem e o mar, Steinbeck,
As vinhas da Ira; entre outros.
Os
livros transportam-me para outros mundos, na altura da morte da minha mãe,
refugiei-me na saga Harry Potter, um mundo alternativo, onde não existia a dor
real da perda.
Amo
policiais, dos quais destaco Agatha Christie. Recentemente li um autor japonês
Haruki Murakami pelo qual me apaixonei, estou à espera do 4º volume, é pena que
demorem muito tempo a fazer as traduções. Li também alguns autores nórdicos que
me deixaram uma bela impressão no campo do suspense. Neste momento ando a ler
Júlia Navarro, Diz-me quem sou, que
retrata a época da guerra civil espanhola e a 2ª guerra mundial, estou a gostar
muito.
Agora,
uma coisa que vai espantar, gosto de literatura juvenil, Robert Muchamore com a
coleção CHERUB, entre outros.
Enfim
sou uma leitora compulsiva…
Prof.ª Diana Oliveira (Português)
O
meu avô tinha imensos romances em formato de bolso, daqueles muito trágicos no
enredo mas com finais muito felizes. A minha mãe e as minhas tias devoravam
fotonovelas, que só diferiam dos romances do meu avô porque eram ilustradas.
Sei isto muito bem, porque os lia a todos às escondidas.
Cresci
com o “Astérix” e com a “Mafalda”, mas lá em casa eramos sempre “Os Cinco”, às
vezes “Os Sete”. Adoeci de tristeza quando li “O meu pé de laranja lima” e
decorei páginas inteiras de “The tide of life” (ainda sei a introdução de cor…)
No
fim da adolescência, mergulhei nas “Brumas de Avalon” e a Avalon volto sempre
que posso – lá em casa não é difícil, são duas prateleiras a abarrotar!
Hoje,
em dias de sol, sou “Eva Luna”, em dias de chuva, um “Navegador solitário”. Às
segundas, preciso d’”A luz entre oceanos”, à quarta de “Chocolate” e às sextas
entro em “Delírio”. Quando me apetece, grito “Morte aos feios” e acho que numa
vida passada fui “Baudolino”. Às vezes sinto que vivo em “A montanha da água
lilás” e nunca descobri “O segredo do meu marido”.
Como
tenho a sorte de ter amigos que também gostam de ler, o meu “Contigo para
sempre” vive em casa da minha amiga Sandra; em minha casa estão temporariamente
alojadas “As crónicas de Bridei” da minha amiga Inês.
“O
principezinho” foi o primeiro livro que o príncipe lá de casa leu sozinho. É o livro do nosso coração.
Sou
muitas leituras e todas elas me constroem. Gosto da minha vida. O que mais
desejo é ter tempo, ter tempo para realizar todos os meus sonhos, ter tempo
para ler, ter tempo para …. para… “Viver para contá-la!”
Prof.ª Glória Rodrigues (Português)
De
que leituras sou feita?
…..de
tantas e tão variadas, dos Cinco de Enid
Blyton a Mia Couto, de Camões a Louisa May Alcott, de Dan Brown, Jorge Amado,
John Steinbeck , Paulo Coelho, Pearl Buck… a José Rodrigues dos Santos ou José
Luis Peixoto… viajei por histórias, aventuras, chorei, ri, vivi as alegrias e
tristezas das personagens, voei para longínquas
paragens, visitei mundos desconhecidos.
Quantas
vezes perdi a noção do tempo! Quantas li, às escondidas, de lanterna na mão, debaixo dos cobertores! Porque…
Ler é sonhar
pela mão de outrem – Fernando Pessoa
Prof.ª Inês
Sousa (Matemática)
Sou feita de uma lista tão extensa que dá
voltas e enrola-se como uma escada em caracol.
Leio compulsivamente e sempre vários
livros ao mesmo tempo. Porquê? Porque tenho tanta vontade de ler, que acho que
se ler vários posso, eventualmente, satisfazer o meu desejo de ler. Leio desde
pequena, pois fui muito estimulada a ler em casa e na escola, mas sobretudo
porque adoro. É o meu passatempo favorito.
Sigo
vários blogues portugueses e estrangeiros, que estão sempre atualizados e de
alguma forma me fazem preencher o imenso prazer de ler em qualquer lugar e
diversos estilos literários.
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Blogues portugueses refiro três, pois
acompanho uma lista muito longa. Adoro o blogue “ A mulher que ama livros”, “
Mil estrelas no colo” e “Jardim mil histórias”
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Gosto muito de um brasileiro “Amo a
leitura” e diversos ingleses. Existem bloguers e youtubers portugueses de
muita qualidade, que promovem a leitura e diversas actividades nesta área.
Atividades que qualquer leitor adora! E não são só grupos de leitura, também
existem encontros com debates, vídeos em direto para o youtube e encontros em
todo o país!
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Gosto de um encontro promovido no
Goodreaders, que é o Clube dos Clássicos Vivos. Este grupo promove a leitura
de clássicos, assim como encontros onde se discutem obras em locais
emblemáticos.
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Sou feita de
muitos livros, clássicos, atuais ou a publicar… Como clássico escolho Eça de
Queirós, a obra “Os Maias”, que já li cinco vezes e continuo a adorar. Atuais,
gosto de muitos escritores. Não vou mencionar nenhum porque leio uma infinidade
deles. A publicar escolho a obra “A rapariga que lia no metro” de Christine
Féret-Fleury, porque me desperta alguma curiosidade.
Ler. Ler com entusiasmo e em qualquer
lugar! O mundo virtual é uma porta, mas adoro o livro na mão! Cheiro de livro!
Adoro ler!
Prof.ª Olga Correia (História)
Psst! Ei! Tu!
-Quem? Eu?
-Não, a minha
vizinha do lado! Claro que és tu. Olha lá, se eu perguntasse de que leituras és
feita, respondias?
- Ora bem, vamos
lá esclarecer uma coisa rapidamente. Não sou pessoa para me lançar à primeira
pergunta pespegada em papel branco pintalgado de letras negras, mas hoje, estou
com uma dose de generosidade imensa, e até posso responder muito facilmente que
sou feita de leituras várias, entre páginas amontadas e bem colocadas em
volumes de tamanhos vários e conteúdos diferenciados. Chega? – Pois olha, sem
agora estarmos preocupados com mudanças de linha, dois pontos e travessões,
sempre te digo, que podes ter falado muito, mas não disseste nada. - Ai, sim? E
já agora pergunto, afinal quem és tu? Algum inquiridor de um mestre, ou mestra
obesa de parágrafos e frases feitas? Não senhor, fica sabendo que sou apenas um
perguntador. Ah! Então, género masculino. Pois senhor perguntador, leve lá o
recado a quem muito bem lho estendeu, e diga-lhe que sou feita de leituras
breves, longas e intermédias, entre livros aos quadradinhos do onde vivia o pato
mais rico do mundo e um tal Obelix, inimigo público de um império poderoso, e
tudo a cores em quadradinhos de tamanhos diferentes. E qua já falamos assim,
também lhe digo que sobrevoei a França ocupada pela força negra hitleriana
combatida por um tal Major Alvega, que muito bem defrontou estas forças do mal,
e às vezes, cansada dos loopings feito naquelas máquinas voadoras, ia ter com
Mandrake, mágico de muita nomeada, todo ele em quadradinhos a preto e branco,
que não era homem para viver a sua vida em jeito colorido. Também me virei para
princesas cinderelas que foram mandadas à escola em reinos diferentes daquele
de onde governava um rei especialmente bem pasmado. Cheguei inclusivamente a
livros que tresandavam a desassossego, e outros, onde parentes que, sem o
saberem, se amaram de forma intensa e
pouco própria, para além daqueles onde desterros e adeuses acenados lá de longe,
após parágrafos pungentes e fins trágicos me deixavam a pensar se valeria a
pena tanta lágrima…mas enfim! E ainda acrescento que, ultimamente, esta
humidade nos leva a questionar “para onde vão os guarda-chuvas”, enquanto
outros, erguem homenagens à inocência, em museus lá prós lados de Istambul, e
tantos, tantos, até aquele do espião que veio do frio, onde, um pouco mais para
a direita no mapa se fala de uma senhora chamada Ana Karenina, que não era
familiar dos irmãos Karamazov, nem estes, filhos daquela que chamaram A Mãe. Se
me virar para os ventos dos Andes que me trazem guerras do fim do mundo, e
outros mundos com sabor a chocolate onde há crónicas de mortes anunciadas,
digo-lhe senhor perguntador, que pode muito bem ir-se embora que me está a parecer
um autêntico D. Casmurro.
- Mas eu não lhe
disse para se alargar tanto …
- Cale-se. Alguém
lhe perguntou alguma coisa?
Prof.ª Sofia Francisco (Inglês)
Tinha eu seis
anos quando me informaram que não tinha vaga na escola da minha aldeia e que só
entraria no ano seguinte. Lembro-me de ficar tão triste e revoltada que decidi
aprender a ler. E, com ajuda da minha irmã que me ensinou as primeiras letras,
levei a cabo o meu intento.
Como em casa não
abundavam os livros, lembro-me de calcorrear a aldeia à procura de livros e de
ler tudo o que encontrava: o jornal Mensageiro no café, as fotonovelas que a
Bélita trazia de Leiria, os livros de
Corin Tellado que surripiava à minha irmã. Estas foram as minhas primeiras
leituras e só mais tarde conheci Os cinco
e As gémeas de Enid Blyton.
Hoje, já não
percorro as ruas da aldeia em busca de livros. Hoje tenho a sorte de me poder
perder em livrarias e escolher os livro
que quero ler e que farão parte de mim
(e se por acaso me enganar e escolher um que não me arrepie, não tenho pudor em
abandoná-lo a meio). Felizmente, tenho tido a sorte de encontrar muitos.
O último livro
que me surpreendeu foi A Queda de um
homem de Luís Osório. Um livro que estranhei, que fala de mundo tão diferente
daquele onde vivo, que me deu trabalho de ler e reler passagens, que me
emocionou.
De que leituras
sou feita? A pergunta é difícil e, para
não ser injusta, inspiro-me em Pessoa e digo…sou plural como o universo.
Mariana Pereira, aluna do 8.º D
Muito
antes de saber ler ou escrever, eu adorava qua a minha mãe me lesse histórias
tradicionais, aquelas histórias para crianças, passadas num mundo fantástico,
sempre acabadas com um final feliz, em que as personagens principais vivem
felizes para sempre. Eu adorava esses tipos de contos!! Eu gostava tanto deles que mesmo quando
aprendi a ler, continuei a querer viajar pelas lindas palavras dessas
histórias, como se nunca perdessem a sua magia, mesmo depois de as reler uma e
outra vez.
Apesar de crescer, e os livros terem
mudado, o meu gosto não se modificou: continuei a adorar livros de fantasia.
Ainda não percebo se o motivo de os ler é de sempre ter querido viver noutra
realidade, ou se é devido á inveja que sinto dessas personagens por passarem
por uma vida tão extraordinária e excitante. Talvez, até seja porque me dão
pequenas esperanças de o mundo não ser todo tão normal e que talvez haja um
pouco de magia pelo ar se a procurarmos melhor. Bem, uma coisa é certa: eu
adorava profundamente todos os livros que se passavam num mundo irreal!!
Mas, pensando que ia sempre
continuar assim, para minha grande surpresa, no quarto ano, desleixei-me.
Comecei a achar que era um grande aborrecimento ler sempre aqueles pequenos e
“secantes” livros: as suas histórias não
tinham o enredo que procurava, não me agarravam ao livro como que a ansiar por
mais, não me davam a sensação de os querer devorar com os olhos sempre pronta
para a próxima peripécia. Nessa altura, tornei-me bastante difícil de
surpreender.
Para minha sorte, após este
acontecimento, consegui encontrar a minha salvação: aminha tia, que por acaso
tinha ido a minha casa nessa altura, aconselhou-me a “Saga Twilight”, um
conjunto de livros sobre vampiros que, disse ela, eram adorados por qualquer fã
de livros fantásticos. Eu, desesperada por um livro que me agradasse, decidi
começar a lê-los.
Ao início, o primeiro livro da saga,
parecia como todos os outros, mas lendo-o mais a fundo surpreendi-me: a
linguagem era tão precisa e complexa que quase me conseguia imaginar naqueles
locais descritos com uma precisão incrível; o enredo era viciante, fazia-me
querer virar a página para saber o que aconteceria depois; e, quando pensava
que sabia o que iria ocorrer a seguir, o rumo da história mudava totalmente.
Apenas conseguia assistir a tudo aquilo com o olhar fixo naquelas
extraordinárias frases, sem emitir uma única palavra, á espera que o livro me
levasse até aquelas pessoas desconhecidas mas que ao mesmo tempo parecia que já
as compreendia há tanto tempo, até aquele final inesperado mas que eu sabia que
iria descobrir mais tarde ou mais cedo.
Passei dias inteiros a ler aqueles
livros fascinantes. Ao acabar um, passava logo para o seguinte, quase parecendo
um vício terrível que não conseguia ignorar.
Ao chegar ao final da última página
do último livro, percebi que aqueles momentos cheios de fantasia e encanto
tinham acabado. Mas, em vez de me ter ficado a lamentar, saí da cama onde me
encontrei em todos aqueles dias emocionantes, e ergui-me. Coloquei aqueles livros
numa prateleira que tinha para lá no meu quarto, para que nunca me esquecesse
quais foram os livros que mudaram a minha vida.
A partir daí, comecei a ler cada vez
mais, uma dependência impossível de se resistir; uma ânsia dentro de mim que
não se apagava, sempre a puxar-me para o interior dos livros, um desejo de
sonhar outra vez acordada.
Agora, a minha pequena prateleira,
que antes se encontrava vazia, já se encontra cheia de magníficos livros de
fantasia.
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