Os alunos do 10.º A foram desafiados a escrever um
texto subordinado ao tema “A minha vida antes e depois do aparecimento do surto
COVID 19”.
Com a devida autorização de todos os alunos, serão
publicados três textos por dia… a ordem de escolha dos textos é aleatória!
Muito obrigada, queridos alunos!
Como
é de conhecimento geral, o nosso país e o mundo está a passar uma fase
complicada devido ao surto da pandemia do Covid-19 que está a causar um número
avassalador de mortos em todo o mundo, assim como outras consequências, como
por exemplo, económicas e emocionais.
Consequentemente, foi
decretada uma quarentena geral que fechou todas as escolas desde dia 13 de
março. Desde então, a minha rotina diária e as minhas relações com familiares e
amigos mudaram drasticamente.
Neste momento, estou em casa com a minha mãe, avó e irmão e a
única maneira de ver outros familiares é pelo computador, negando-nos qualquer
tipo de contacto físico, pois abraços ou apertos de mão estão fora de questão.
O mesmo se aplica às amizades, mas sorte a minha, eu sou um
rapaz que gosta muito de jogos de vídeo, e já está habituado a ter este tipo de
contacto por ecrã e a falar com eles através de plataformas digitais como o Discord.
Em relação à minha rotina diária, sem a escola, as saídas de
casa e o futebol, o que me resta é arranjar outros divertimentos como jogar
ping-pong com o meu irmão, estar no computador ou ver séries, continuando a
fazer os trabalhos que os professores vão mandando para nos manter sempre a par
das matérias. Apesar de eu ser muito apegado às tecnologias, depois de um mês
sem sair de casa, esta nova rotina já cansa.
O que me vale é que a ideia de trabalhar a partir de casa não me traz sofrimento,
porque estou habituado a estar no computador e até me facilita o trabalho em
alguns aspetos.
Estas mudanças todas trouxeram-me
muita saudade da liberdade do antes, mas sei que o mais correto agora é ficar
em casa e esperar que tudo melhore, para então matarmos as saudades de quem
tanto desejamos abraçar neste momento. Vai acontecer!
Miguel Marques, 10.º A
Abril 2020
Honestamente, nunca pensei vir a dizer que tenho saudades da
escola ou dos ensaios da banda até à meia noite. Antes do surto de covid-19,
tinha a vida de qualquer adolescente: levantava-me todos os dias de manhã, bem
cedo, para ir para a escola e quando saía ia ao ginásio, à banda ou ao inglês
e, de seguida, ia para casa, jantava, estudava até que a minha cabeça não
pudesse mais, tomava banho e ia dormir. Pode parecer uma vida um bocado
monótona, mas nunca pensei que fosse tão agitada.
Quando
a Covid-19 apareceu na província de Wuhan, na China, em dezembro de 2019,
dizia-se que nunca iria chegar cá, mas esta começou a espalhar-se de uma
maneira que ninguém imaginara e, quando chegou, não estávamos preparados para o
que aí vinha. Pessoalmente, quando esta doença começou a espalhar-se pela
Europa, brincava com os meus amigos e dizia-lhes que achava que não poderíamos
ir à escola no terceiro período. Nunca pensei que isso fosse mesmo acontecer…
Infelizmente,
esta doença mexeu com o meu sistema nervoso, acho que, principalmente,
por eu fazer parte de um grupo de risco. Na semana em que o Governo português e
Direção Geral de Saúde (DGS) estavam a ponderar a quarentena e a interrupção,
por tempo indeterminado, das aulas, tive algumas crises de asma que foram
causadas pelo stresse. E estas crises
pioraram quando, ao princípio, a DGS declarou que ainda não era necessário
suspender as aulas. A meu ver, isto
aconteceu, pois, um dia depois da Universidade de Lisboa suspender as aulas
presenciais, houve uma invasão, nas praias de Cascais, de estudantes que
deviam estar em quarentena. Assim, para quê suspender as aulas se depois vão
para a praia? Andava maldisposta e angustiada porque sabia que corria mais
riscos do que a maioria dos meus amigos e estava a ficar preocupada com o facto
de o governo não estar a ter a atitude mais correta e adequada e, devido a
isto, não consegui estudar tanto quanto devia para o teste de português...
Confesso que, por momentos, fiquei mesmo frustrada
porque em Itália o Governo só implementou a quarentena depois de haver, no
país, 2000 infetados e 500 mortos. Com isto, achava que deveríamos aprender com
os erros cometidos pelos Italianos.
De momento estamos de quarentena e em pleno
estado de emergência, mas como a minha mãe é médica continuo a ter muitos
riscos apesar de ela ter todos os cuidados necessários: deixa os sapatos na
garagem e, quando chega a casa, desinfeta as mãos e vai tomar banho. Até se
mudou para o primeiro andar do apartamento para não estar em excessivo e
desnecessário contacto connosco.
Não estamos autorizados a sair de casa, a não
ser que seja para ir ao supermercado, à farmácia, ou fazer caminhadas, nunca
com mais de duas pessoas, mas quantas menos melhor para diminuir a
probabilidade de contágio. De qualquer maneira, apesar de não podermos ir à
escola, continuamos a ter de fazer trabalhos e, para a semana, já vamos ter
aulas online. Especialistas afirmam que devemos fazer a nossa rotina como se fôssemos
sair de casa, de forma a sermos produtivos.
Há uma grande probabilidade de só haver
vacina contra a covid-19 no final do ano, apesar de alguns cientistas afirmarem
que vão ter uma pronta em setembro. Até aí, mesmo depois da quarentena acabar,
toda a população mundial irá ter de usar máscaras e a nossa vida não vai voltar
a ser como a conhecemos, não só por questões de saúde pública mas pela crise mundial
que em inúmeros aspetos se vai assemelhar à Grande Depressão de 1929, apesar
dessa crise ter sido causada pela superprodução.
Desta forma, posso afirmar que temo não só
pela minha saúde, mas também pela dos meus pais, dos meus avós e dos meus amigos
que também têm asma. Eu e o Rui brincávamos que se apanhássemos a doença,
rapidamente íamos ter com o São Pedro, mas espero que isso não aconteça…
Para
finalizar, espero que, para bem da saúde pública, as pessoas comecem a ter bom
senso e a ficar em casa, se possível, porque assim VAMOS TODOS FICAR BEM!
Catarina Marques, 10.º A
Abril 2020
Desde que o surto do COVID-19 começou,
muitos aspetos mudaram na minha vida.
Não posso encontrar-me com os meus amigos e
a única interação que tenho com eles são as mensagens, as chamadas, e os
momentos em que jogamos juntos. Não posso sair de casa, logo as atividades que
posso fazer são muito limitadas. Passo maior parte do meu tempo em frente do
computador, a ver vídeos, falar com os meus colegas, jogar, resumindo, tento
passar o tempo.
Como não há
escola, a aprendizagem torna-se mais difícil, pois ensinar um aluno numa sala
de aula é muito mais prático do que enviar a matéria pela net. Enquanto
as aulas síncronas não começarem, estamos limitados a receber as fichas que as
professoras nos mandam, e temos prazos de entrega para enviar a resolução
destas. Como eu tenho dois pais professores, eles passam maior parte do dia nos
seus computadores em reuniões, logo, eu estou praticamente isolado no meu
quarto.
As compras também
se tornaram uma atividade complicada, pois com o objetivo de manter o
distanciamento social, começámos a tentar reduzir mais os gastos de comida para
que esta dure o maior tempo possível. Passámos a fazer as compras online e a levantá-las
de carro, mas isto acaba por ter certas desvantagens, visto que alguns produtos
se esgotam antes da encomenda e são substituídos por produtos semelhantes.
O que mais me
custa mais é estar afastado de várias pessoas de quem gosto, e espero que todas
elas continuem bem e que quando tudo isto acabar possa voltar a ter a minha
vida normal junto delas.
André Filipe, 10.º A
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