Lá diz
o povo que "de poeta e louco todos temos um pouco". E não é que tem
mesmo razão o povo?! Não nos referimos à loucura – que essa matéria fica para
outros especialistas -, mas à poesia que brota, quase sem aviso, dos cadernos
dos alunos. Foi um pouco assim na aula de Português do 1º ano do Curso
Vocacional de Multimédia e Turismo Rural e Ambiental. O módulo 3, dedicado ao estudo
do texto lírico, convidava os alunos a lerem e a saborearem poesia, a
professora fez a outra parte e convidou-os a escreverem poesia, sem limitações
ou imposições. Para os alunos menos inspirados, um leque de versos iniciais
ajudava a dar o pontapé de saída e depois o poema seguia, versos fora, pelo seu
próprio pé.
Para
despertar a inspiração, a atividade adquiriu contornos de concurso de poesia. O
júri, constituído pela professora titular da turma, Maria João Serrado, pelas
professoras coadjuvantes, Maria da Fé Domingues e Sílvia Pires, e pela professora
coordenadora da BECRE, Helena Silva, foi unânime na atribuição do primeiro lugar
ao poema “Um novo Lugar”, da autoria do aluno David Alexandre. O poema, um
vibrante hino ao amor, recebeu fortes aplausos e elogios dos colegas da turma
na pequena cerimónia de entrega de prémios presidida pelo Diretor do Agrupamento,
o professor Jorge Bajouco.
O
segundo lugar foi atribuído a um poema conjunto da autoria das alunas Catarina
Silva e Flávia Pedroso e para o terceiro lugar foi selecionado um poema, também
conjunto, da autoria dos alunos Diana Alves e Rafael Rua.
O
poema “Um novo Lugar”, que acompanha esta publicação, será enviado para o
concurso do PNL, “Faça lá um poema”.
Prof.ª Maria João Serrado
Um
novo Lugar
Num segundo tudo
desaparece e fico no escuro,
O destino sou eu que
o traço, mas hoje duvido do meu futuro,
És a razão do meu
sorriso, és a luz do meu dia,
E com apenas uma
palavra fazes desaparecer toda a magia.
Vibro com os teus
beijos, derreto-me com o teu olhar,
Afogas-me com o teu
sorriso, com um abraço fazes-me voar,
Mas algo em mim não
bate certo,
Cada vez que me
afasto de ti, sinto-me incompleto.
Carrego no peito o
medo de te perder,
E carrego no coração
a vontade de te ter,
E se a luz com que me
iluminas se apagar?
Ficarei na escuridão
à espera de te voltar a encontrar.
A dor que sinto
quando te afastas de mim
Faz-me pensar que
será o meu fim,
Pois tu és única,
linda e especial,
És diferente de todas
as outras, como tu não há ninguém igual.
E quando o sol se
esconder e não o vires sorrir,
Quando as nuvens
cobrirem o céu e só vires chuva a cair,
Quando as estrelas
fugirem e a lua se esconder,
E quando a escuridão
for tanta e não te conseguir ver?
Quando os mares
secarem e não passarem de uma imagem de ilusão,
Quando os campos de
flores coloridas não passarem de flores murchas no chão,
Quando a neve
derreter e não passar de uma substância líquida,
E quando os sonhos
passarem a ser uma visão destruída,
E quando o mundo
acabar?
Faz do meu coração o
teu novo lugar,
Um novo mundo que só
tu podes colorir,
Um novo mundo onde tu
és a razão de sorrir.
Desenha as tuas
próprias estrelas e inventa o teu luar,
Inventa o teu próprio
oceano para poderes navegar,
Constrói um novo
mundo apenas com um toque de magia,
Põe de lado todo o
sofrimento e faz a tua própria alegria.
Pinta um novo sol
muito mais sorridente,
Pinta as nuvens de
azul e faz do céu uma paisagem diferente,
Planta as tuas flores
com as tuas próprias cores,
Cria o teu próprio
perfume e afoga todos os dissabores.
Transforma o meu
coração num mundo a teu gosto,
Apaga todo o desgosto
e mete um sorriso no rosto,
Risca o teu passado e
escreve um futuro divino,
Endireita a tua vida
e traça o teu próprio destino.
Mas e se o meu
coração se começar a partir?
Vais ficar quieta e
ver os seus restos cair?
E se apenas num
segundo desaparecer tudo?
Agora imagina se não
tivesses um lugar para o teu novo Mundo.
David Alexandre
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