Hoje é o Dia Internacional de Mulher e a ONU Mulheres
definiu como tema deste dia(8 de março de 2021): “Mulheres na liderança:
Alcançando um futuro igual num mundo COVID-19”.
A Coordenadora da Biblioteca resolveu desafiar (imaginem…
ontem, mesmo antes do almoço) três professores – António Almeida, Inês Santos e
Olga Correia – a escrever um texto alusivo a este dia.
Muito obrigada aos três professores que, prontamente, aceitaram
o desafio tão em cima da hora!
Feliz Dia da Mulher e também dos Homens que as
respeitam e valorizam!
Dia Internacional da Mulher
Prof. António Almeida
Na véspera do Dia
Internacional da Mulher, foi-me pedido um texto alusivo à data…
Não deixa de ser curioso que, durante os últimos dias, eu tenha reparado nos
inúmeros exemplos de eventos organizados com as mulheres como pretexto, e até
como tema principal, em que os oradores/participantes são todos homens.
E lembrei-me do Clube do Bolinha que aparecia frequentemente nas histórias de banda desenhada da Luluzinha, uma das (anti) heroínas da minha juventude.
Esse clube, exclusivamente para
meninos, tinha como característica principal a proibição à participação de
meninas, de acordo com o lema: "Menina Não Entra”.
Do Bolinha “não reza a história”, mas a Luluzinha tornou-se uma referência no movimento feminista da
época, pois fazia coisas que, habitualmente, estavam reservadas aos meninos.
Em 2021, e num país onde os casos de homicídio por violência doméstica não param de aumentar (em Portugal, nos últimos vinte anos, mais de 500 mulheres foram assassinadas pelos seus companheiros ou ex-companheiros) não podemos olhar apenas para os números e, mais do que celebrar o dia 8 de março, deve viver-se os restantes dias do ano reconhecendo à mulher o seu papel decisivo na sociedade e contribuir para o fim de toda e qualquer violência contra ela.
Termino este pequeno texto (escrito à pressa, entre correções de testes) para homenagear as minhas colegas que, ao longo desta pandemia de covid-19, têm sido (ainda mais) incansáveis, conciliando a sua atividade profissional (em casa no E@D, trabalhando horas infinitas para que nenhum dos seus alunos fique “para trás”) com o apoio aos seus filhos.
Dia
Internacional da Mulher
Prof.ª Inês Santos
Será que ainda faz sentido, nos nossos dias, na nossa sociedade?
A comemoração do Dia da Mulher ou melhor, a instituição de um Dia da Mulher tem, como afirmamos e ouvimos afirmar e proclamar e regurgitar, raízes infelizes onde encontra a sua razão de ser. Mas isto dizemos nós, nobre povo lusitano, habitando este estranho país “que não se governa nem se deixa governar”, mas que consegue reconhecer o direito à igualdade de género, uma imposição, aliás, aliada ao facto de integrarmos um conjunto de nações europeias de mentalidade altamente progressista, igualitária em tudo e mais alguma coisa. Assim sendo, estamos, claramente, a viver de uma foram moralmente perfeitas, onde celebrar, lembrar, comemorar o Dia da Mulher será apenas um favor prestado a mulheres de outros países “civilizacionalmente mais desfavorecidos”, blá, blá, blá… estou, no entanto, notoriamente, espero, a ser irónica! Porque, infelizmente, uma coisa que esta pandemia nos veio clarificar, é que, por mais moralmente avançados que muitos nos julguemos, o valor da mulher é tão alto, tão nobre e intrínseco, que simplesmente o vulgarizámos e tomámos como certo, perdendo pelo caminho, a capacidade de valorizar aquilo que a mulher representa, aquilo que a mulher é.
Em termos mais simples, basta pensar num sem número de formas verbais como parir, alimentar, dar, oferecer, amar, partilhar, sorrir, amamentar, cuidar, valorizar, acarinhar, elogiar, limpar, lavar, alegrar, afagar, cozinhar, esperar, perdoar…e, aparece ela… a mulher! A que não pede para ser lembrada, a que é por vezes esquecida, a que ama desinteressada, a que sorri com quase nada, a que dá vida. Ah! Já agora…a escolha da classe de palavras, o verbo, não foi aleatória! Poderia, é claro, ter optado por sinónimos com forma por ex., de adjetivos ou substantivos…mas isso daria azo a uma mera descrição e …falando da mulher, do seu papel, temos ação, agir, verbos incansáveis e exaustivamente inumeráveis.
Por muitas leis de paridade que sejam publicadas, por muitas proclamações de igualdade de género que sejam proferidas, enquanto cada um não mostrar por gestos, palavras, ações o quanto valoriza a mulher, a mãe , a esposa, a amiga, a filha, a irmã…haverá sempre terreno fértil para comemorar o dia da mulher, para divulgar estudos sobre os maus tratos, para realizar seminários sobre os bons tratos, publicar fórmulas e leis e tratados e estudos e tudo e infinitamente tudo…enquanto não incorporarmos em nós, homens ou mulheres, que o mundo tem espaço e lugar para as nossas semelhanças, diferenças ou singularidades em prol do que humano.
“ Pulchra puella”. Menina bonita. É assim que se começa a aprender latim, com base em palavras do “sexo” feminino! …começamos o estudo de uma língua, estrutura de ideias, conceitos e emoções, baseando-nos no feminino…como na vida…primeiro era o verbo, mas logo a seguir a mulher, a mãe que todos temos. É por isso que, enquanto não formos todos capazes de reconhecer força na fragilidade, faz sentido a lembrança deste dia.
A pergunta, a questão que vos deixo é só esta: “E se a Valentina fosse um Valentim? Onde estaria?” É por isso que faz sentido.
Dia Internacional da Mulher
Prof.ª Olga Correia
tive todo o prazer em colaborar... tal como tenho nos outros 364 dias!
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