domingo, 20 de março de 2022

Dia Mundial da Poesia e Dia Mundial da Árvore

 Comemora-se, no dia 21 de março, o Dia Mundial da Poesia e da Árvore.

Na Biblioteca, vão andar poemas à solta... Convido-vos a tentar "agarrar" um...


O Dia Mundial da Poesia foi instituído pela UNESCO, em 1999, e tem como objetivo apoiar a diversidade linguística através da expressão poética. É um tributo à palavra poética, ao poema e aos poetas.

O Dia Mundial da Árvore começou no ano de 1872, no Nebrasca. O seu mentor foi o jornalista e político Julius Sterling Morton, que incentivou a plantação ordenada de árvores, promovendo, assim, o Arbor Day. – Porto Editora


 

A Poesia...

José Fanha

 

A poesia foi uma das formas que o ser humano encontrou para falar dos seus sentimentos mais profundos e misteriosos.

A poesia é a arte das palavras, e as palavras, quando tocadas pelos poetas, tornam-se chaves mágicas que abrem portas de universos que estão para além do imediato quotidiano e que nos falam dos grandes mitos, e também das paixões, das dores, das alegrias.

A linguagem poética exprime o modo de olhar para a Natureza, para o coração, para o amor de uma forma diferente da linguagem quotidiana.

É frequente confundir-se poesia com rima. Mas nada mais errado. A poesia pode ser rimada ou não. A rima pode ou não ser poética. Quando se trabalha a rima com as crianças desenvolve-se a "ginástica" básica da língua, mas não se trabalha necessariamente a poesia.

A poesia é, de facto, uma janela aberta sobre o mistério maravilhoso das palavras que podemos sentir quando lemos Sophia de Mello Breyner Andresen, Eugénio de Andrade, Luís de Camões ou Ruy Belo.


        Tempo de Poesia


Todo o tempo é de poesia
Desde a névoa da manhã
à névoa do outro dia.
Desde a quentura do ventre
à frigidez da agonia.


Todo o tempo é de poesia.


Entre bombas que deflagram.
Corolas que se desdobram.
Corpos que em sangue soçobram.
Vidas que a amar se consagram.
Sob a cúpula sombria
das mãos que pedem vingança.
Sob o arco da aliança
da celeste alegoria.

Todo o tempo é de poesia.

Desde a arrumação ao caos
à confusão da harmonia.

António Gedeão


 


 

- Mãe.
- Sim.
- Fui ver ao dicionário o que quer dizer poeta. E diz lá que é alguém que faz versos e fala em rima e métrica e coisas que não sei o que são e não percebi nada.
- Meu filho. O significado pode caber no dicionário, mas o sentido não. O sentido é o coração que guarda.
- Então, mãe, o que é um poeta?
- Sabes os índios?
- Sei.
- Os índios encostam o ouvido ao chão para lhe ouvir a voz. Os poetas encostam o ouvido ao mundo para lhe dar voz.
- Mãe.
- Sim.
- Deixa-me encostar o meu ouvido ao teu peito. Quero ser poeta do teu amor.

                                                                                                                  Elisabete Bárbara, in lado.a.lado

POEMA DAS ÁRVORES

As árvores crescem sós. E a sós florescem.

Começam por ser nada. Pouco a pouco
se levantam do chão, se alteiam palmo a palmo.

Crescendo deitam ramos, e os ramos outros ramos,
e deles nascem folhas, e as folhas multiplicam-se.

Depois por entre as folhas, vão-se esboçando as flores,
e então crescem as flores, e as flores produzem frutos,
e os frutos dão sementes,
e as sementes preparam novas árvores.

E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas.
Sem verem, sem ouvirem, sem falarem.
Sós.
De dia e de noite.
Sempre sós.

Os animais são outra coisa.
Contactam-se, penetram-se, trespassam-se,
fazem amor e ódio, e vão à vida
como se nada fosse.

As árvores, não.
Solitárias, as árvores,
exauram terra e sol silenciosamente.
Não pensam, não suspiram, não se queixam.
Estendem os braços como se implorassem;
com o vento soltam ais como se suspirassem;
e gemem, mas a queixa não é sua.

Sós, sempre sós.
Nas planícies, nos montes, nas florestas,
a crescer e a florir sem consciência.

Virtude vegetal viver a sós
e entretanto dar flores.

António Gedeão







 


terça-feira, 15 de março de 2022

Cenários de leitura …Um livro…Um título…

 Escolher um livro não é tarefa fácil.

Preferimos este ou aquele tema, este ou aquele autor, esta ou aquela época, esta ou aquela língua…mas sempre chegamos àquele momento decisivo em que agarramos o livro, olhamos para a capa e sentimos, ou não, que aquela é a escolha certa.

A capa é, ainda que inconscientemente, o nosso primeiro contacto com o livro e convida-nos a entrar no seu universo. Ficamos presos dessa primeira reação e somos tentados a descobrir o que está por dentro, a encontrar a teia de relações que se anuncia ali bem à frente dos nossos olhos.

Quantas vezes não somos imediatamente transportados para lugares mágicos ou vestimos a pele da personagem só ao olhar para capa? Quantas vezes não imaginamos a sucessão de acontecimentos que nos espera a partir da capa? Quantas vezes não começamos a ler avidamente só porque a capa nos emocionou?

Viver a capa é importante. Feita esta reflexão, partimos para a experiência. Aqui fica a partilha. Esperemos que gostem. E gostaríamos de ver as vossas experiências!

Prof.ª Diana Oliveira