domingo, 1 de abril de 2018

Uma excelente forma de "encerrar" a(s) Semana(s) da Leitura(s) 2018: "Ler a qualquer hora, em qualquer lugar"


A Biblioteca da Escola Básica de Maceira foi o local escolhido por Ana Cristina Luz para o lançamento do seu último livro A escolha do Sebastião, que, segundo nos revelou, “esperou 15 anos para nascer”! O livro conta com a participação de catorze ilustradores, a saber: Ana Carolina Novo, Ana Fatela, Ana Filipa Correia, Ana Paula Barata, Ana Sílvia Malhado, Djanira Costa, Filipa Silvério, Irene Gomes, Isabel Teixeira de Sousa, Mariana Coutinho, Margarida Reis Oliveira, Tânia Lopes, Cláudio Pia e Ana Cristina Luz.

Neste evento, que teve lugar no dia 31 de março, pelas 15h30, para além de familiares e amigos de Ana Cristina Luz, estiveram presentes o Engenheiro Carlos Fernandes, Diretor da editora Textiverso, Luís Prata e Romeu Tavares, representantes da Junta de Freguesia de Maceira, as ilustradoras e Lúcia Bento e Margarida Oliveira, representantes respetivamente da Appc - leiria e Casa do Mimo – Batalha. Foram oferecidos 50 exemplares do livro a cada uma, revertendo em 100% as receitas dos livros que venderem.
               Estava prevista que a apresentação do livro fosse feita pelo professor Luís Mourão, que por motivos pessoais não pôde estar presente. No entanto, enviou um texto foi lido pelo Engenheiro Carlos Fernandes, e que a seguir se transcreve.
“Gosto muito d’A escolha do Sebastião. É um livro simples e claro, um livro aparentemente inocente, que encerra uma das questões cruciais para vivermos, nós os Sebastiões mais velhos, de bem connosco e com aqueles que nos rodeiam e, sobretudo, lhe dá uma resposta.
Sebastião quis escolher a profissão, e sabemos todos que mais tarde ou mais cedo, um dia qualquer, inevitavelmente, é o que todos os seres sociais racionais tem de fazer. Escolher.
Escolher, mais do que a forma de recolher rendimentos que nos permitem sobreviver, o modo como ocupamos e gerimos um lugar na sociedade do trabalho e como a partir daí gerimos a nossa relação com o mundo. Uma profissão, portanto.
Sebastião escolhe como uma criança, sem fronteiras ou limites. Sebastião, não tem nem precisa de uma ideia condutora de um fio que o conduza no seu labirinto de opções, porque, para ele, todas as opções estão em aberto. Tudo é possível a partir do momento em que o seu exercício de escolha é sempre inclusivo – ser isto ou aquilo, porque não? Ser isto ou talvez aquilo, talvez.
Uma grande poetisa brasileira, Cecília Meireles, tem um poema muito bonito sobre esta questão, chama-se Ou Isto ou Aquilo. Permitam que vos recorde como é:
Ou se tem chuva e não se tem sol
ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo em dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo . . .
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranquilo.
Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.

Sebastião, quer e pode ter tudo, não tem ainda de escolher entre isto e aquilo porque o seu mundo é todo feito de possíveis. A impossibilidade neste livro da Ana Cristina, não existe. E podíamos ter ficado por aqui.
Disse que A escolha do Sebastião coloca uma pergunta e lhe dá uma resposta. Sebastião escolhe mesmo. Escolhe por amor. Não por isto ser, ou lhe parecer ser, melhor ou mais gratificante do que aquilo, mas, porque é naquilo que se traduz um desejo, por mais vago e infantil que pareça ser, de felicidade.
Sebastião escolhe entre todos os possíveis do seu mundo aquele que de braço dado com aquilo de que gosta se levantará certamente, agigantado pelo que o coração lhe dita, contra todos os impossíveis.
Devia ser sempre assim.
Luís Mourão”

Num ambiente informal e emotivo, a autora e as ilustradoras falaram sobre a génese do livro e respetivas motivações.
A apresentação terminou com a leitura do livro, solicitada pelas crianças presentes na audiência.
Seguiu-se uma sessão de autógrafos, coroada com um porto de honra.
Muito obrigada, Ana Luz, por ter escolhido este espaço. Foi uma maneira brilhante de encerrar a(s) Semana(s) da Leitura(s) 2018.
Bem-haja.
Helena Silva
















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